Tio Rei resolve a dúvida dos mestiços
Como sou indiodescendente e conselheiro étnico, alguns leitores me propõem questões sobre o seu futuro. Qual a dúvida? Muitos deles são eurodescendentes e indiodescendentes. E querem saber que raça devem escolher. Pô, pessoal!!! Mestiço de preto e branco é o quê? Negro, certo? Logo, mestiço de europeu e índio é… índio!!! Vocês têm cada dúvida! […]
Pô, pessoal!!! Mestiço de preto e branco é o quê? Negro, certo? Logo, mestiço de europeu e índio é… índio!!! Vocês têm cada dúvida!
Ademais, esse papo de ser branco não tá com nada. Branco está em decadência, em declínio. Brancos são destituídos de saberes naturais, à diferença dos negros e dos indígenas. Segundo alguns antropólogos, aqueles povos trazem memórias culturais magníficas: batuque, orixás, intimidade com as raízes, com o espírito da floresta… Um europeu vai se orgulhar de ser caudatário de quê? De Milton? De Goethe? De Camões? Lixo puro! Não valem uma gota da sabedoria telúrica de Touro Sentado, meu tataravô, ou da Princesa Luana. Quem é a princesa Luana? Sei lá… Achei o nome evocativo.
Eu sou indiodescendente — é verdade: acham que estou brincando — e eurodescendente, mas não quero nada com a tribo dos branquelos. Tá louco! Os brancos têm muitas culpas a expiar. Prefiro o pacifismo indígena, entendem? E não me venham falar do bispo Sardinha: nome é destino!