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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

TARADOS PELO ESTADO POLICIAL

“O fascismo começa caçando tarados”. A frase é do cineasta italiano Bernardo Bertolucci. Estaria querendo dizer com isso que devemos deixar os tarados livres para agir? Não! Está chamando atenção para o fato de que não se pode usar a caça aos tarados como justificativa para impor um regime de terror. Aliás, a frase tem […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h14 - Publicado em 11 jul 2008, 07h45
“O fascismo começa caçando tarados”. A frase é do cineasta italiano Bernardo Bertolucci. Estaria querendo dizer com isso que devemos deixar os tarados livres para agir? Não! Está chamando atenção para o fato de que não se pode usar a caça aos tarados como justificativa para impor um regime de terror. Aliás, a frase tem especial validade hoje em dia, quando, sob o pretexto de prender pedófilos, há quem advogue, sem qualquer cerimônia, o fim da privacidade na Internet. O Brasil vive um momento muito delicado. Muito mais do que parece. Porque Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas podem ser impróprios para consumo humano, podem estar lá no último degrau da cadeia alimentar, tenta-se usar a necessidade de puni-los por seus eventuais crimes como pretexto para instaurar no país um clima de terror. Eu não estou nem aí para os tontons-maCUTs; eu não estou nem para os subjornalistas que vivem de dinheiro público e de achacar pessoas — mereciam estar na cadeia —; eu não estou nem aí para a patrulha que resolveu fazer plantão aqui. NÃO VOU ENDOSSAR UM PASTELÃO AUTORITÁRIO DA POLÍCIA FEDERAL, PATROCINADO PELO SR. TARSO GENRO.

Ora, os regimes de força sempre buscam pretextos verossímeis — e até verdadeiros. O fato é que, sob o pretexto de prender alguns bandidos, querem instalar um estado policial. É evidente que não usariam como desculpa pecados cometidos pelas virgens pálidas, não é mesmo? Porque as virgens pálidas não pecam. Usa-se como pretexto a ação deletéria de algumas notórias reputações — que, no entanto, em algum momento, serviram ao próprio poder que agora os persegue. O caso de Daniel Dantas é o mais evidente. Desde que o PT chegou ao poder, é com petistas que ele negocia, como já demonstrei aqui, e é a petistas que paga, sempre com grande generosidade, por serviços prestados.

Mas isso não quer dizer que ele e os outros todos não tenham direitos. Já disse: defender o direito das santas é fácil; difícil é reconhecer que a lei protege também as putas. Eu não tenho a menor dúvida de que a PF, desde o início do governo Lula e especialmente depois do mensalão, tem exagerado no espetáculo e tem desrespeitado os direitos dos presos. Escrevo isso há anos. No caso em particular, não tenho dúvida de que os pedidos de prisão provisória e também preventiva são exorbitantes. O juiz Fausto Martin De Sanctis os concedeu? Ao lado de sua tarefa de julgar, ele acredita ter também uma missão? Problema dele. Trato disso no post seguinte. Mas a questão mais grave de todo esse episódio não é essa, não. A QUESTÃO MAIS GRAVE É O TERRORISMO QUE ESSA GENTE ESTÁ TENTANDO FAZER COM A IMPRENSA.

Mas eu lhes asseguro, senhores leitores. Vão quebrar a cara. E aqui quero fazer um reparo ao que eu próprio escrevi. É claro que não é toda a Polícia Federal que está envolvida nessa história — falo de uma facção. Apontei aqui no começo do ano passado uma PF balcanizada, dividida em grupos, lembram-se? Informei aqui ontem que essa operação nem mesmo passou pelo diretor-geral da instituição. Foi conduzida pelo chefe da Abin, que é um órgão de Inteligência do Estado, Paulo Lacerda.

Truculenta e incompetente
E é difícil saber, TIREM CÓPIA DESTE TEXTO, se essa gente é mais truculenta do que incompetente ou o contrário. Qual é a acusação contra Nahas, por exemplo? Receber informação privilegiada da taxa de juros arbitrada pelo Fed? Sinto vergonha até de escrever isso. O sr. Protógenes, chamado de “doutor” por alguns jornalistas, como noticiou ontem o Painel, não deve saber a diferença entre o Fed e um ovo cozido. A acusação é ridícula. Ou ainda: Nahas tinha informações privilegiadas sobre descobertas da Petrobras? Há empresas especializadas nisso, senhores. Ademais, fosse verdade, quem é o agente público que lhe passou a informação? Antigamente, no Brasil, havia corrupto sem corruptor. Agora temos corruptores sem corruptos.

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Todos saberemos o que diz o inquérito que deixou tão convencido o juiz De Sanctis. Se o padrão for o mesmo das acusações a Nahas, sabem o que vai acontecer? Nada! Nahas, Dantas e Pitta acabarão absolvidos, e a população ficará indignada, com justiça, com o que lhe parecerá impunidade. Não! Não será impunidade, não. Será incompetência do inquérito. Eu não recomendaria a companhia de Celso Pitta nem para tomar um Chicabon na esquina. Mas o que há mesmo contra ele? Pegava dinheiro com Nahas — “provavelmente” do que desviou da Prefeitura, diz a acusação. “Provavelmente”? Mas isso basta para meter alguém na cadeia com prisão provisória?

ATENÇÃO: O SR. PROTÓGENES, COM TANTO DESTRAMBELHAMENTO, PODE ESTAR É CONTRIBUINDO PARA A IMPUNIDADE DESSES SENHORES, NÃO O CONTRÁRIO. A incompetência, acreditem, é uma forma de sabotagem. E depois se jogará a culpa nas costas largas da Justiça.

Imprensa
Os jornalistas de aluguel, aqueles sustentados pelo dinheiro público, babavam o seu rancor e o seu ressentimento exultantes ontem, alimentando o boato de que alguns de seus inimigos — SEUS INIMIGOS SÃO, GERALMENTE, PESSOAS MAIS COMPENTES DO QUE ELES, COM MELHORES EMPREGOS DO QUE Os DELES, COM UMA REPUTAÇÃO MUITO SUPERIOR À DELES — tinham finalmente sido pegos pelo tal Protógenes. É o que veremos. Vamos ver quais são as acusações e contra quem.

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Tenho pra mim — o tempo dirá — que o sr. Protógenes, sob os auspícios dessa figura conspícua em que se transformou o sr. Tarso Genro — foi além de suas sandálias, avançou o sinal. O terror que se tentou infundir na imprensa nestes três dias dará com os burros n’água e vai acabar expondo uma das piores características do governo Lula: o rebaixamento das instituições do estado e sua transformação em mero palco para o confronto de facções.

E, espero, a imprensa sairá fortalecida desse imbróglio. Porque vai perceber que, desde a redemocratização — a rigor, desde a ditadura meia-bomba de João Figueiredo —, nunca foi alvo de tamanha e tão destrambelhada sanha autoritária. Dantas, Pitta e Nahas são figuras notórias que estão servindo de pretexto para delírios de outra natureza.

Essa gente acha que sua tarefa está chegando perto de uma conclusão. E eu asseguro que a luta pela liberdade de imprensa está apenas no começo.

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Quanto a Dantas, Nahas e Pitta, se não pagarem por seus eventuais crimes, o único responsável terá sido o delegado Protógenes, que optou pelo teatro e esqueceu a investigação.

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