A petralhice é engraçada. Eu não tentei proibir o Lula de se expor de sunga. “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”, lembram-se disso? Basta ler o post. É o que distingue, em termos muito sucintos, a ética da moral. A primeira é sempre coletiva: é o conjunto de valores de um grupo. […]
Por Reinaldo Azevedo
Atualizado em 31 jul 2020, 23h02 - Publicado em 3 nov 2006, 23h33
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A petralhice é engraçada. Eu não tentei proibir o Lula de se expor de sunga. “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”, lembram-se disso? Basta ler o post. É o que distingue, em termos muito sucintos, a ética da moral. A primeira é sempre coletiva: é o conjunto de valores de um grupo. A moral é individual. Por isso, quando os petistas, na oposição, cobravam “mais ética na política”, eu sempre ria às escâncaras. Eles queriam, sim, mais ética: eles queriam “mais ética petista” na política. E conseguiram. O que é que me distingue dos jornalistas, a grande maioria, que condenam o fato de o PT ter deixado de ser fiel a seus princípios? O fato de que acho que eles estão sendo fidelíssimos. O petismo é isso aí: Waldomiro Diniz, mensalão, cuecão, dossiê… Reparem como o petismo jamais pediu “mais moral na política”. Ao contrário: quando têm de atacar os adversários, criticam justamente o que chamam de “moralismo udenista”. Podem ver: os intelectuais petralhas escrevem textos às dezenas a respeito. Ainda que a ética coletiva permita determinados comportamentos – sei lá: beijo de língua, com a boca cheia, na praça de alimentação do shopping center –, você só se entrega a tal desfrute gastronômico-sexual se quiser, se a sua moral pessoal considerar que, sendo-lhe permitido tal ato, ele também lhe convém. Eu proibir Lula de se deixar fotografar de sunga? Não. Deve ser proibido? Também não. Mas convém? Do ponto de vista simbólico, acho que ele até presta um favor à elucidação política do seu governo: essa mistura de Estado balofo com eficiência mínima.
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