SOBRE CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS E CAUSAIS
Já escrevi aqui algumas vezes que a pior coisa que poderia acontecer para o “Mito Obama” seria a vitória do “Verdadeiro Obama” — emprego “verdadeiro” aqui no sentido do “Obama de verdade, de carne e osso”. Não estou sugerindo que exista um falso, com uma agenda secreta. Vivemos tempos em que tudo tem de ser […]
Tratei ontem jocosamente o noticiário online, que preferiu reportar a queda das Bolsas com uma adversativa de cunho, digamos, histórica: “Apesar da vitória de Obama, Bolsas caem”. Bem, o que uma coisa tem a ver com a outra? Compreendo que se possa esperar que ele tome medidas para recuperar a economia americana e mundial. Mas certamente os efeitos se darão num determinado prazo, não será coisa de um dia.
Suponho que tenha caído em vários lugares do mundo por motivos diferentes. E isso quer dizer que o “Mito Obama”, na fantasia jornalística, pode fazer disparar as Bolsas, mas o Obama de verdade, nessa fase ao menos, é irrelevante para os mercados. Quando começar a anunciar nomes para a administração e se estes nomes indicarem um sentido que possa ser traduzido num preço, então, aí sim, as decisões do presidente eleito poderão ter alguma influência.
Ademais, se os mercados tinham mesmo um preço para a eleição de Obama e outro para a de McCain, vocês acham que eles esperariam o dia da votação para fazer a opção?
Tomo o cuidado, confesso, de não transferir para o presidente eleito as restrições que estou fazendo à cobertura jornalística, pouco importa o meio, que transformou o homem numa celebridade. Querem chamar a eleição de um mestiço de “histórica”? Acho exagero, mas vá lá. Ocorre que a sensação é a de que ele já fez história também como presidente. Ainda não. Há pouco pensamento no ar e muita mitificação.
Ora, se a conjunção adversativa separa a eleição de Obama da queda das Bolsas, qual seria, certo como a luz do dia, o título para a mesma ocorrência se John McCain tivesse sido eleito? Eu não tenho dúvida: “McCain vence, e Bolsas despencam”. E este “e” valeria como uma conjunção causal: “Porque McCain venceu, as Bolsas despencaram”. Uma das tarefas a que me dedico é justamente esta: apontar o que há de ilógico e/ou autoritário no discurso político. E o obamismo, ainda que a despeito do próprio Obama, mal começou e já é um prato cheio.
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