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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Sobre atividades solitárias e taras legiferantes

Escrever, às vezes, é mesmo a mais solitária das práticas. Sim, leitor amigo, até mais solitária do que isso em que você acabou de pensar, quando, em regra, as pessoas costumam imaginar situações favoráveis às suas fantasias… Ninguém se concentra em determinados devaneios para perder no final, não é mesmo? Se vocês procurarem no arquivo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 18h53 - Publicado em 27 set 2008, 21h45
Escrever, às vezes, é mesmo a mais solitária das práticas. Sim, leitor amigo, até mais solitária do que isso em que você acabou de pensar, quando, em regra, as pessoas costumam imaginar situações favoráveis às suas fantasias… Ninguém se concentra em determinados devaneios para perder no final, não é mesmo? Se vocês procurarem no arquivo do blog, encontrarão vários textos meus fazendo a distinção entre “vencer” um debate e a percepção de que se venceu um debate. São coisas distintas.

No texto de há pouco sobre o confronto McCain-Obama, escrevo logo no primeiro parágrafo: “A dúvida que todos devemos ter, os que torcemos para um ou para outro, é em que medida esses encontros interferem na escolha do eleitor.” Revi há pouco o debate, retransmitido pela CNN. McCain, digamos, “venceu” mais ainda do que ontem. Basta ouvir as respostas; basta constatar quem liquidou com o contra-argumento do outro, quem anulou o contra-ataque. Em economia, os dois apatetados. Em defesa e política externa, Obama foi esmagado.

E as pesquisas? Quais? Reitero: vão perguntar para os espectadores da Fox News quem ganhou. Dirão que foi McCain. E diriam o mesmo ainda que ele tivesse perdido. Isso vai mudar alguma coisa? Interfere na escolha dos eleitores? Não tenho dados empíricos: intuo que, nos EUA, os debates possam ter uma influência maior do que no Brasil. Por aqui, as regras estão tão engessadas, que ninguém mais dá bola para esses confrontos. E esse é outro tema deste texto.

Não duvido de que as TVs brasileiras precisem aprender a fazer debate com os americanos. Mas, para tanto, seria preciso contar com uma lei eleitoral tão liberal quanto a americana. Por lá, os homens de toga, os “dotô juiz”, vão cuidar de assuntos mais urgentes para a vida dos cidadãos. Aqui, eles querem regular tudo. Qualquer Zé Mané reivindica e obtém o “direito” de participar de debates. Neste domingo, em São Paulo, os candidatos se confrontam na Record. Lá estarão algumas nulidades eleitorais, com suas bazófias, sua ignorância “alastrante”, sua irrelevância constrangedora, a dizer, de posse do traço nas pesquisas: “Quando eu for eleito, no primeiro dia…” Jesus!

Excelente o formato do debate a que assistimos ontem. Um único jornalista, realmente imparcial, a propor uma série de questões de interesse dos americanos, com os candidatos batendo bola, contraditando-se, questionando-se, cada um expondo as fraquezas da argumentação do outro, sem o “acabou o seu tempo”. No Brasil, é aquela folia ridícula do “um minutos para a pergunta, dopis para a resposta, um para a réplica, outro para a tréplica”… Vai um candidato ou candidata e diz: “Eu comecei a construir o hospital não sei onde…” É mentira! No máximo, fez um estudo do terreno. Mas a afirmação só poderá ser desmentida 15 minutos depois. Sem contar isso que vejo, de soslaio, enquanto escrevo: campanha OBRIGATÓRIA NA TV, que nós pagamos, para o desfile do elenco do circo de horrores.

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Quando é que um partido vai ter a coragem de propor o fim do horário eleitoral gratuito? Não há uma miserável lei, na área eleitoral, que não contribua para tornar as eleições menos democráticas e mais aborrecidas. Nenhuma! Sem exceção. A política, no Brasil, é prisioneira da tara legiferante.

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