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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

SOBRE A TEORIA DA RECEPÇÃO, UM PÓ, UM BASEADO, ESSAS COISAS… OU: “SOU BEM PIOR DO QUE VOCÊ IMAGINA”

Respondo, às vezes, a um comentário ou outro na home do blog — e não apenas na área específica, onde tenho feito intervenções amiúde — porque, em comunicação, interesso-me pelo fenômeno da recepção. “Como é que o outro entende o que você diz ou escreve? O que ele leva em conta, o que ele descarta? […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h58 - Publicado em 31 ago 2009, 20h13

Respondo, às vezes, a um comentário ou outro na home do blog — e não apenas na área específica, onde tenho feito intervenções amiúde — porque, em comunicação, interesso-me pelo fenômeno da recepção. “Como é que o outro entende o que você diz ou escreve? O que ele leva em conta, o que ele descarta? Como é que ele fragmenta o seu pensamento com o objetivo justamente de fazê-lo servir de escora à tese contrária àquela por você enunciada?”

No fim das contas, por que nem sempre nos fazemos entender? A questão é antiga. Padre Vieira já refletia a respeito no Sermão da Sexagésima (disponível na Internet; com tempo, leiam-no), no século 17. E indagava: “Por que faz tão pouco fruto a palavra de Deus na terra”. Por culpa do ouvinte? Por culpa do pregador? Por culpa da palavra (da mensagem)? Naquele sermão, o pregador apanhava mais. Eu, imodesto, vou puxar a orelha do ouvinte, hehe.

Vejam o que me manda um leitor chamado Tiago, reproduzindo trecho do que escrevi (em itálico) e procurado responder em seguida. Leiam. Volto depois:

“(…) o excesso de leis restritivas na área, sem um debate lúcido, com base no puro preconceito amoroso, contribui para o desmatamento. DO EXCESSO DE LEI NASCE, POR ÓBVIO, O EXCESSO DE TRANSGRESSÕES.” Ora, ora, se não é o raciocínio que V. diz repudiar quando fala de descriminalização de certa droga…

Comento
Pois é, Tiago… O chato é que essa que você diz ser a minha opinião JAMAIS FOI A MINHA OPINIÃO. Sou contra a descriminação das drogas porque:
a) o país não poderia fazer isso sozinho (e o mundo não o fará); se o fizesse, viraria entreposto internacional de drogas e estaria liquidado;
b) porque se toma, nesse debate, droga como sinônimo de “maconha”. Se a questão é diminuir a criminalidade, como dizem, todas as drogas teriam de ser descriminadas, ou a criminalidade ligada à área seguiria inalterada;
c) porque haveria uma elevação brutal do consumo, nos níveis do álcool e do tabaco, o que seria uma tragédia para a saúde pública.
Quem acredita que o problema principal das drogas está nas leis restritivas são as pessoas favoráveis à descriminação. Eu não sou.

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Ademais, quais leis restritivas temos, companheiro? O consumo já é descriminado no Brasil. Basta ler o texto legal. O viciado em drogas ilícitas é quase chamado de “excelência”. Quem não tem privilégio nenhum é o viciado em drogas lícitas.

Tanto não acho que leis restritivas são a solução, que sou contra a proibição do álcool, por exemplo. É claro que ele iria parar nas mãos do narcotráfico. E por que sou contra, a despeito de ser um dos principais problemas de saúde do país? Porque seríamos só nós (e os países islâmicos — ao menos oficialmente — a fazê-lo. Seria, também, um problema. As fronteiras do Brasil seriam defitiviamente entregues ao crime.

Mas atenção: se o álcool fosse proibido, haveria menos alcoólatras? É claro que sim. É uma questão de lógica elementar. Mas o custo social da medida não compensaria o benefício. Como, por contraste, o custo social da liberação das drogas não compensaria o benefício. Entendeu?

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De fato, não tenho saco para bêbados, drogados e afins. Pessoas nessa situação tendem a se achar mais brilhantes, profundas ou humanas do que seus pares. São só mais chatas. Mas cada um faça o que bem entender da sua vida. O cara quer cheirar pó até virar uma uva passa? Não é assunto meu! Mas, se quer consumir uma substância considerada ilegal em praticamente todo o mundo, que responde por boa parte do crime organizado do planeta, bem, aí ele que se vire também. Na minha opinião, escolheu fazer parte do crime organizado, ainda que como consumidor.  Essa conversa de descriminar o consumo e manter o tráfico como crime é um cretinismo. Assim, não me confunda: EU NÃO APÓIO A ATUAL LEI ANTIDROGAS, NÃO! EU A CONSIDERO HIPÓCRITA, LENIENTE.

Isso significa, Tiago, que, segundo seus valores, tudo indica, sou bem pior do que você imagina.

Tá bom assim? Na mãozinha, não vou pegar.

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