Serra, a Saúde, as verbas e os verbos
O jornalismo enfrenta um problema com os verbos declaratórios: “Disse”, “afirmou”, “falou”, “acusou”, “desmentiu” etc ou são empregados como sinônimos ou como variações para evitar repetição. E, quase sempre, produz-se mais confusão do que informação. Querem um exemplo? O candidato do PSDB ao governo, José Serra, esteve em Avaré, no interior de São Paulo, nesta […]
O jornalismo enfrenta um problema com os verbos declaratórios: “Disse”, “afirmou”, “falou”, “acusou”, “desmentiu” etc ou são empregados como sinônimos ou como variações para evitar repetição. E, quase sempre, produz-se mais confusão do que informação. Querem um exemplo? O candidato do PSDB ao governo, José Serra, esteve em Avaré, no interior de São Paulo, nesta terça. Os sites estão noticiando — e assim deve sair nos jornais amanhã — que ele “acusou” o governo Lula de ter desviado R$ 1,6 bilhão da saúde para o Bolsa Família. Vá lá: no que diz respeito ao dicionário, o verbo “acusar” está bem empregado, mas, em “jornalistês”, trata-se de uma desinformação. Fica parecendo que há controvérsia sobre o fato, que é uma questão de opinião, que pode não ter sido bem assim. E foi rigorosamente assim: basta ver o Orçamento. Então, convenha-se, em “jornalistês”, Serra não “acusou”; ele, quando menos, “lembrou” o fato e o “censurou”, aí, sim. A transferência de recursos da Saúde para o Bolsa Família não depende de opinião. É um fato. O tucano também participou de um passeio em Botocatu, encontrou-se com lideranças do partido, insistiu que a eleição ainda não está ganha e que a sua campanha e a de Alckmin têm de andar juntas. Atacou a política econômica e cambial do governo e disse que Lula prejudicou São Paulo no caso do Rodoanel. Cutucando seu adversário petista, Aloizio Mercadante, desafiou: “Perguntem aos candidatos dele [de Lula] quanto o governo federal repassou.”. Tudo indica que a oposição começa a encontrar o tom.