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Reinaldo Azevedo

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Sérgio Guerra decide expulsar Serra do PSDB. Segundo entendo, ele acha que isso ajuda a eleger Aécio presidente, certo?

Escrevi no sábado à tarde um texto que tratava de um processo de recuperação da popularidade da presidente Dilma Rousseff — parece-me que está em curso — e das dificuldades e descaminhos enfrentados pelo PSDB. O título é este: “Enquanto Dilma se recupera, o PSDB repete os velhos erros de sempre e continua imbatível na arte de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h32 - Publicado em 26 ago 2013, 20h49

Escrevi no sábado à tarde um texto que tratava de um processo de recuperação da popularidade da presidente Dilma Rousseff — parece-me que está em curso — e das dificuldades e descaminhos enfrentados pelo PSDB. O título é este: “Enquanto Dilma se recupera, o PSDB repete os velhos erros de sempre e continua imbatível na arte de vencer o… PSDB!”. Num dado momento do artigo, escrevo:

“Eles deveriam ter claro que nós todos já sabemos de sobejo uma coisa: eles são excelentes na guerra interna — e o jornalismo se diverte com as redes de intrigas. Eles só não sabem vencer petistas nas disputas federais — não sem a “novidade” do Plano Real ao menos, que foi o grande estrategista tucano em 1994 e 1998.”

Eu ainda não sabia de uma entrevista concedida pelo deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), ex-presidente do PSDB, que circula por aí. Afirmou o seguinte sobre o tucano José Serra:

“Fui presidente do PSDB por mais de cinco anos, e nunca vi nenhuma dessas lideranças ativas se mobilizar para a realização de prévias. […] Não há duas candidaturas, mas só uma. Para disputa prévias, um postulante tem de ter o apoio de pelo menos 30% dos filiados. José Serra não tem 3%. […] As coisas vão se resolver naturalmente porque não há massa crítica para o Serra ser candidato, não tem apoio nas bases, nos deputados, vereadores, senadores, nas lideranças. Em todos os Estados do Brasil, não há um agrupamento que defenda a candidatura do Serra. A não ser para alguns amigos dele de São Paulo, que não são tantos.”

Retomo

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Evidentemente, não é uma declaração de aliado político, mas de inimigo. É uma declaração de quem quer Serra fora do PSDB. Por qual razão? Ele deve saber. Por que isso seria bom para a eventual candidatura do senador mineiro, isso permanece também um mistério, mas alguma coisa deve explicar.

Setores da imprensa têm algumas dificuldades de lidar com os fatos. Divertem-se, sabe lá por que motivo, com a fala de Guerra, preferindo ignorar os fatos. Expressões do subjornalismo mais rombudo, que pensam com o bolso, entregam-se às baixarias mais espantosas. Se a minha memória não falha, e não falha, Aécio falava em prévias em 2009 e começo de 2010 — e elas teriam acontecido se ele tivesse mantido a sua pré-candidatura, que, todos sabiam então, não era mesmo para valer. Mas ele a manteve até pelo menos o horário político do partido, fraternalmente dividido com Serra. Nunca, em nenhum momento, o partido admitiu que o candidato seria Serra. Só aconteceu depois que Aécio desistiu. Da forma como essa desistência foi anunciada então, ficou parecendo que tinha sido expulso da disputa por Serra, o que se sabe falso.

Desta feita, decidiram passar o rolo compressor sobre Serra, que sofreu uma espécie de banimento branco do partido. Não obstante, dizem querer a sua participação. E foi o próprio Aécio, também presidente da legenda (erro grave cometido pela arrogância da turma), quem voltou a acenar com prévias. Serra, ou me provem o contrário, limitou-se aceitar o crivo, perguntando em que condições seriam realizadas.

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Mas não era para valer. Imediatamente teve início o trabalho de linchamento na imprensa, especialmente nas áreas sensíveis a esse tipo de abordagem e que se prestam a esse tipo de serviço. O ápice, parece-me, é essa entrevista de Sérgio Guerra. Peguem a trajetória de Serra no PSDB e vejam se um neotucano como Guerra tem autoridade política (ou qualquer outra) para falar assim. Justo ele, não é? Em 2010, em Pernambuco, sua turma não fez campanha para Serra no estado, e ele próprio apoiou, na prática, a candidatura de Eduardo Campos ao governo (era egresso do PSB), sabotando Jarbas Vasconcelos. Fez isso estando na presidência do partido. E ele sabe que isso é verdade.

Começo a encerrar
Parece claro que este grande pensador da política quer Serra fora do PSDB — quem sabe candidato por outro partido. Se o PSDB for derrotado, sempre restará a possibilidade de dizer que foi porque o paulista dividiu a oposição. Assim seria se assim fosse: segundo o Datafolha, com apenas quatro candidatos (Dilma, Marina, Aécio e Campos), o tucano obtém 13% dos votos. Fica em terceiro. Até agora, Serra não precisa sair candidato para que o resultado nas urnas seja constrangedor.

Em qualquer lugar do mundo, líderes políticos procuram somar forças para vencer as eleições. No Brasil, uma oposição já matusquela prefere dividir. O que foi mesmo que escrevi na sexta? Ah, lembrei:

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“Os tucanos deveriam ter claro que nós todos já sabemos de sobejo uma coisa: eles são excelentes na guerra interna — e o jornalismo se diverte com as redes de intrigas. Eles só não sabem vencer petistas nas disputas federais — não sem a ‘novidade’ do Plano Real ao menos, que foi o grande estrategista do PSDB em 1994 e 1998.”

Todo poder a Sérgio Guerra! Ele tem a força!

Parabéns, deputado! A presidente reeleita Dilma Rousseff o saúda!

 

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