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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Se dom Odilo for papa, Reinaldo é aquele que já censurou o papa… Fazer o quê?

Ai, ai… Alguns leitores estão lembrando críticas duras que já fiz aqui a dom Odilo Scherer, sugerindo que sou contraditório e coisa e tal. Vamos ver. Eu não escrevo para agradar a este ou àquele — nem para desagradar. Eu não sou judicioso, nunca!, sobre pessoas, mas sobre posturas, ideias, atos, fatos. Tentaram leitura semelhante […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h43 - Publicado em 8 mar 2013, 18h50

Ai, ai… Alguns leitores estão lembrando críticas duras que já fiz aqui a dom Odilo Scherer, sugerindo que sou contraditório e coisa e tal. Vamos ver. Eu não escrevo para agradar a este ou àquele — nem para desagradar. Eu não sou judicioso, nunca!, sobre pessoas, mas sobre posturas, ideias, atos, fatos. Tentaram leitura semelhante quando o objeto da polêmica era Joaquim Barbosa. “Ah, você já o criticou muito…” Sim, e o farei sempre que achar necessário, como ocorreu há dois dias, quando ele teve um ataque de fúria com um jornalista. E também já o elogiei fartamente. Como costumo brincar, sou este ser exótico que diz “sim” quando concorda e “não” quando discorda, pouco importa se o tema é o Supremo, a Igreja Católica ou Quentin Tarantino: “Viu Django? É o máximo!”. E eu: “Acho um filme fascistoide, como quase tudo o que Tarantino faz”. Quem quiser ouvir a explicação, bem… Se não quiser, também não saio por aí enchendo o saco das pessoas com as minhas teses. No máximo, eu as exponho aqui. Lê quem quer.

Acho que dom Odilo reúne as requisitos indispensáveis para ser papa. Mas não é o “meu” candidato, como já deixei claro, embora insista que a escolha faria um bem enorme ao Brasil em particular. Eu votaria no ganês Peter Turkson porque acho que é na África que o cristianismo, o catolicismo em particular, testa verdadeiramente seus valores universais e humanistas. Se for para escolher um europeu, ficaria com o húngaro Peter Erdo — que não faz concessões ao “politicamente correto” e ao relativismo. Vamos ver.

Mas volto ao ponto. Já critiquei, sim, dom Odilo. E, repetidas as razões, as circunstâncias e os atos, criticaria de novo. Em agosto de 2007, ele proibiu uma missa encomendada pelo movimento “Cansei” (não entro no mérito do dito-cujo) na Catedral da Sé. Eu o censurei severamente por isso.  No dia seguinte, 16 de agosto, fui ainda mais duro (em azul):
Jamais a Igreja Católica negou um templo seu para um movimento social. No dia 16 de novembro, o PCC mandou rezar uma missa. Na mesma Igreja da Sé que rejeitou o Cansei. Oficialmente, a cerimônia tinha sido encomendada por mulheres de presos. Conversa. E os padres não viram mal nenhum naquilo. Com frequência, por meio da Pastoral da Terra, a Igreja acaba apoiando verdadeiros atos criminosos dos ditos sem-terra. E, também nesse caso, os padres de passeata não veem problema em se meter em questões mundanas, terrenas, leigas. O sacerdote que escolhe a quem ministrar a salvação e a quem garantir a proteção e o apoio da Igreja está negando a palavra de Cristo e o princípio fundamental da Igreja Católica — que fala a todo mundo, jamais aos eleitos. A teologia que distingue o pobre do rico (ou classe média) é mais íntima do demônio do que de Deus porque separa, em vez de unir, os homens. Deus não olha andrajos nem mantos dourados. Aliás, não olha nem mesmo templo. Sendo dom Odilo cristão, católico, sabe que, em qualquer lugar se pode invocar o Senhor. Assim, ele poderia ser menos “dono” da Catedral da Sé. Espero que tenha ao menos o bom senso de ir à praça, levar aos que estiverem lá uma palavra de esperança.

Eu não me arrependo de uma vírgula. No dia 6 de setembro de 2007, voltei ao ponto, num post intitulado “Peguei o bispo no pulo”. Transcrevo trecho (em azul):
Com o devido respeito, peguei o bispo no pulo. D. Odilo Scherer realiza amanhã, às 7h, na Catedral da Sé, a missa do “13º Grito dos Excluídos”, manifestação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O mote da mobilização, desta feita, é a reestatização da Vale do Rio Doce. Como é que é? Missa em Sete de Setembro, reunindo “excluídos” que querem a “retomada” da Vale? Trata-se, óbvia e claramente, de uma ação política. D. Odilo é aquele que proibiu o pessoal do Movimento Cansei de rezar uma missa na mesma catedral porque, segundo ele, tratava-se de uma manifestação política. A missa é só uma preparação de uma passeata posterior. Eis aí: a mesma igreja que se negou a receber pessoas que só protestavam contra a corrupção e a impunidade abre as suas portas para as esquerdas — as mesmas que, se um dia chegassem ao poder, enforcariam o último padre com a tripa do último burguês.

No dia 7 de setembro de 2007, realizou-se a tal Missa dos Excluídos na Sé. Uma urna foi posta no altar e se realizou um “plebiscito” sobre, imaginem só, a “privatização da Vale”. Mais uma vez, espanquei a lógica com que operou dom Odilo, que não oficiou a missa, mas permitiu que fosse oficiada. Eu não preciso esconder nada do que escrevi. Eu mostro (em azul): 
Falo por símbolos. Qual é o desejo de demônio? Destruir a obra de Deus. Qualquer católico dirá isso. Creem os católicos que Jesus é Seu Filho e que a Igreja é a Sua vontade, fundada por Ele. Os que usam o púlpito para fazer plebiscito sobre venda de estatais conspurcam a mensagem do Cristo. Não há caminho teológico para justificar tal proselitismo. A responsabilidade pela pantomima da Sé é de dom Odilo Scherer, que se vai revelando o nosso bispo-melancia. Parecia muito mais conservador — conservador das normas da Igreja Católica — antes de assumir a arquidiocese mais importante do país. Agora, vem se caracterizando por dar o tapa e esconder a mão. Vetou a missa do Cansei. Pois bem. Perguntei então: ‘vai também fechar as portas da Igreja para os comunistas? ‘Não fechou. Abriu-as. E manda outro oficiar a cerimônia.

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Volto a março de 2013

Dom Odilo tinha sido nomeado arcebispo em março daquele ano; estava havia pouquíssimo tempo na função. Talvez não repetisse hoje o que chamo de “os mesmos erros”, mas não posso assegurar isso. Não tenho como ser juiz de sua consciência. Sim, senhores! Escrevi tudo aquilo e mais. Esses não são os únicos textos com críticas, não! O arquivo está disponível.

Fui contraditório? Ora… Usei as mesmas referências para criticar e para elogiar. A contradição, meus caros, é outra coisa. Dou um exemplo: o homem moral é contra o roubo de dinheiro público, por exemplo. Se elogia Fulano porque este tem um comportamento reto nesse assunto e se esse Fulano passa a roubar, a contradição estaria em continuar a elogiá-lo — mais ou menos como fazem os petralhas: o roubo dos outros é vício; o de seus partidários é virtude…

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Eu não elogio pessoas — a não ser nas relações puramente privadas. No meu trabalho, o que me interessa são suas ações, suas ideias, suas convicções, a forma como tenta implementá-las.

As opiniões e posicionamentos de dom Odilo Scherer, que estão expressos naquele post da manhã, são consentâneos com a visão de mundo da Igreja Católica e evidenciam que pode, sim, aspirar à condição de Sumo Pontífice. Isso não quer dizer, em absoluto, que eu endosse todas as suas ações à frente da Arquidiocese de São Paulo. Discordo, por exemplo, para fúria de muitos — que resolveram me malhar por isso (é do jogo, desde que a crítica seja dirigida às ideias) —, da sua opinião sobre o celibato sacerdotal. Acho que ela não atenta para o principal.

Só sou um torcedor como corintiano — e olhem lá… No tempo em que Adriano foi admitido no time, por exemplo, eu me abstive de torcer. A minha única obrigação é dizer o que penso, nada mais, o que me rende ora a pecha de “militante da direita”, ora de “falso direitista a serviço da esquerda” (que é a mais exótica de todas as acusações).

Sim, senhores! Se dom Odilo for papa, eu sou aquele que já elogiou e que já censurou o papa. Mas com os mesmos princípios.

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