Rússia e Venezuela: caçando (com “ç” mesmo) e matando dissidentes…
POr Robert R. Amsterdam, no Estadão:Os governos de Hugo Chávez, na Venezuela, e de Vladimir Putin, na Rússia, experimentam uma vigorosa e florescente amizade recíproca. Embora estejam separados por quase 10 mil quilômetros, o laço que une os dois líderes é selado não apenas por seus gostos parecidos por autoritarismo, expropriações de petróleo e grandes […]
Os governos de Hugo Chávez, na Venezuela, e de Vladimir Putin, na Rússia, experimentam uma vigorosa e florescente amizade recíproca. Embora estejam separados por quase 10 mil quilômetros, o laço que une os dois líderes é selado não apenas por seus gostos parecidos por autoritarismo, expropriações de petróleo e grandes acordos sobre armas, mas também pelas tendências paralelas de aumento de violência e criminalidade nas ruas de suas cidades.
O assassinato político de maior destaque desde o que vitimou a jornalista Anna Politkovskaia ocorreu na Rússia na segunda-feira, quando o defensor de direitos humanos Stanislav Markelov, de 34 anos, foi morto com um tiro à queima-roupa na cabeça. A repórter que o acompanhava também foi morta. Três dias antes, o radialista Orel Zambrano era assassinado na Venezuela. Os motivos não foram acidentais.
Putin e Chávez governam apoiados num sentimento penetrante de violência e insegurança em suas capitais, que resultou em ataques paralelos politicamente motivados contra a oposição. Na Rússia, essa tendência foi ilustrada pela morte a tiros de Politkovskaia e, mais recentemente, o espancamento quase fatal do jornalista Mikhail Beketov, entre muitos outros. No mês passado, só na Venezuela ocorreram 510 mortes violentas, o que levou a revista Foreign Policy a chamar Caracas de “capital mundial do homicídio”.
Na Rússia, ataques de nacionalistas contra estrangeiros chamaram a atenção da mídia internacional. Na Venezuela, três líderes estudantis de oposição foram mortos em ataques de rua. Os dois países têm experimentado um aumento das manifestações públicas por causa da crise econômica e os protestos têm sofrido uma dura repressão policial.
Como dizem que Putin e Chávez governam com “punhos de aço”, uma questão preocupante se coloca: Por que eles não têm conseguido conter a onda de crime em suas ruas? Será um reflexo de incompetência, ou existirá alguma benefício tácito em manter uma sociedade aprisionada sob o manto de insegurança grave e pânico moral?