Reivindicação justa, retórica asnal
(leia primeiro o post abaixo)Taí! Depois dizem que pego no pé de Lula. Alguns leitores escreveram para cá afirmando que falo mal do governo até quando ele defende o ponto de vista correto na Rodada Doha. Afinal, os europeus e os americanos não querem abrir mão de privilégios etc e tal. Será mesmo? Critiquei o […]
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Taí!
Depois dizem que pego no pé de Lula. Alguns leitores escreveram para cá afirmando que falo mal do governo até quando ele defende o ponto de vista correto na Rodada Doha. Afinal, os europeus e os americanos não querem abrir mão de privilégios etc e tal. Será mesmo? Critiquei o ponto de vista do Brasil? Não! Ataquei foi a retórica infantil de Celso Amorim. E me vejo obrigado a fazer o mesmo com a avaliação bucéfala de Lula. Lamento! Não pode ser diferente.
Quer dizer, então, que uma negociação boa para os emergentes na OMC ajudaria a diminuir o terrorismo? Como? Por quais caminhos? Alguém poderia me explicar? Eu não consigo ver. Pior: vai embutida aí a tese de que as vítimas do terror são as verdadeiras culpadas pelo mal que as atingiu, entenderam? Segundo o Babalorixá de Banânia, num mundo com mais justiça comercial, não haveria fundamentalismo islâmico!!!
Acreditem! Lula não teve essa iluminação sozinho. Algumas cavalgaduras que hoje dão as cartas no Itamaraty são capazes de sustentar essa tese. Como devem lhe soprar aos ouvidos que é essa também a origem dos problemas de imigração: seriam uma decorrência da má distribuição planetária de renda — assim como a violência doméstica teria origem na desigualdade…
Vocês acham mesmo que isso seduz alguém? Ainda que a questão fizesse sentido, vocês imaginam um francês pensando assim: “Poxa, eu vou cortar os subsídios aos meus agricultores, criar uma confusão interna desgraçada, mas, ao menos, os imigrantes param de entrar ilegalmente no meu país…”
O que é lamentável é saber justamente isto: as reivindicações brasileiras são justas, mas defendidas com uma retórica asnal.