REALISMO, CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS
Eu juro que ainda cuido dos quase 600 comentários que estão na fila. Antes, algumas considerações. No fim da noite, chegaremos juntos à ágora, hehe. Leitores escrevem e/ou perguntam: “Pô, achei seus textos pessimistas; o que você acha que tem de ser feito?” Bem, minha gente, essa história de “o que fazer” era com Lênin, […]
Eu juro que ainda cuido dos quase 600 comentários que estão na fila. Antes, algumas considerações. No fim da noite, chegaremos juntos à ágora, hehe. Leitores escrevem e/ou perguntam: “Pô, achei seus textos pessimistas; o que você acha que tem de ser feito?”
Bem, minha gente, essa história de “o que fazer” era com Lênin, o psicopata. Eu só me dedico a operações lógicas e à mais aborrecida das coisas: lembrar que as causas vêm antes das conseqüências. Trata-se de uma tautologia que, quando ignorada, conduz a grandes desastres.
E não, nunca sou pessimista. Dado esse enlace indestrutível entre as causas e as conseqüências, eu sou sempre realista. Como considero que essa gente, vocês sabem qual, não tem um compromisso essencial com a democracia e que seu horizonte é autoritário — e estou mais convicto disso a cada dia porque, a cada dia, é a ciência política, não eu, que se encarrega de demonstrar que isso está certo —, A LÓGICA ME INDICA QUE O CORRETO É CRIAR AS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS PARA QUE ELES NÃO ATINJAM SEUS OBJETIVOS.
Se não houver as condições de o PSDB fazer a coisa certa — cuidar de organizar as causas que podem conduzir às conseqüências esperadas pelo partido e por boa parte dos brasileiros —, que sentido faz ir para um massacre certo?
Certo? Certíssimo! Jamais uma máquina como a que está aí foi posta para funcionar, boa parte dela operando na mais escancarada ilegalidade; com raras exceções, a imprensa, especialmente a paulista, aderiu de modo miserável à candidatura oficial. O desafio já é gigantesco se as causas estiverem arrumadas para uma possível conseqüência. Se não estiverem, aí, meus caros…
Aí, meus caros, eu os remeto ao filme A Vida de Brian, do genial Monty Python: lembram-se daquele comando que foi protestar contra a crucificação do herói? Seu ato de rebeldia consistiu no suicídio coletivo… Se São Paulo tiver de ser a fortaleza, que seja.
O que é cuidar das causas? Já deixei claro: cuidar das causas é contar com a união São Paulo-Minas — união de fato, não de ficção. E aí a sorte está lançada. Em política, não existe bilhete premiado. Há sempre risco. Com efeito, é uma guerra travada por outros meios. Pode-se ganhar ou perder. Mas só um cretino vai para o confronto sabendo que não se fez O MELHOR POSSÍVEL PARA VENCER.
Na linguagem típica, os petralhas se manifestam: “rá, rá, hehehe, oinc, oinc, coach, coach, au, au…” É o discurso que fazem quando imaginam “O Partido” esmagando todos os adversários, até que não reste um só. Parte desse alarido está na própria imprensa. Como reajo? Com absoluta frieza. Como é aquele papo de resistir no planalto ou na planície. Pois é. O planalto paulista é um bom lugar para se resistir.
É evidente que as oposições reúnem as condições necessárias para uma disputa com chances de vitória, embora o oficialismo seja o favorito.
MAS SÓ E SOMENTE SÓ SE AS CAUSAS FOREM CONSIDERADAS ANTES DAS CONSEQÜÊNCIAS.