R$ 20 mil ou R$ 20 milhões? A diferença é só de competência, não de moralidade
Acho engraçada a reação dos petralhas a esta história dos “detalhes sórdidos”. Chegaram-me algumas dezenas de comentários perguntando se eu não me envergonho de fazer estardalhaço por causa de R$ 20 mil. Eu não. Sei o quanto é difícil ganhar honestamente. E, com essa afirmação, não estou julgando ninguém. Eu me limitei a relatar o […]
Curiosa essa abordagem. Quer dizer que a transgressão moral deve nos constranger só a partir de determinado valor, é isso? Por hipótese: um ladrão que rouba R$ 20 mil é mais ético do que um que rouba R$ 20 milhões? Eu diria que ele só é mais competente no seu ofício, mais bem-sucedido na sua safadeza. Mas a essência é a mesma.
No caso em questão, faça-se a conta que se fizer, uma coisa é inegável: foi acertado um procedimento que obedecia aos princípios da transparência e da moralidade e, na prática, optou-se por um outro caminho. O e-mail enviado por engano (leia abaixo) o prova sem espaço para subterfúgios.
Esse e-mail é um emblema de um jeito de fazer política. Eu identifico esse meio como típico da esquerda. Os mais afoitos indagam: “Roubar é típico da esquerda?” Claro que não. O roubo não tem ideologia. Já o roubo em nome de uma causa, bem, esse tem, sim. Gostem os esquerdistas ou não, a moral relativa é um patrimônio do esquerdismo. A direita também roubou e rouba muito. Mas sempre o fez debaixo do risco de ser desmoralizada. E o foi muitas vezes. Só a esquerda conseguiu criar uma teoria para justificar o assalto aos cofres públicos.
Já lhes disse o que penso desses herdeiros modernos do bolchevismo. Um dos erros consiste em acusá-los de “socialistas”, de “comunistas”. Eu acho que eles continuam totalitários, violentos, potencialmente homicidas. Mas o movimento que está em curso no Brasil — e em boa parte dos países da América Latina — usa o comunismo e o socialismo como fachada. Ou ainda: usam um crime para lavar outro. Dizem-se comunistas e socialistas para que possam ser ladrões. O que não quer dizer que não nos mandariam todos para a cadeia ou não nos fuzilariam por crime de opinião. Se puderem, eles o farão.
E depois vão nos acusar de ter seqüestrado um barco.