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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Quinhentos anos de atraso. Ou: O açougue brasileiro

Às vezes, o Brasil está atrasado mais de 500 anos. O açougue, o matadouro, a carne do animal retalhada, já foi parar em várias telas. Com muita insistência, como vocês verão abaixo, entre os séculos 16 e 17, o que faz sentido. Era um tempo de contraste entre a carne e o espírito. O animal […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h36 - Publicado em 25 mar 2013, 21h41

Às vezes, o Brasil está atrasado mais de 500 anos.

O açougue, o matadouro, a carne do animal retalhada, já foi parar em várias telas. Com muita insistência, como vocês verão abaixo, entre os séculos 16 e 17, o que faz sentido. Era um tempo de contraste entre a carne e o espírito. O animal aos pedaços nos lembrava, ao menos em parte, do que éramos feitos.

Vejam esta foto de Sérgio Dutti do Brasil do século 21. É um matadouro da cidade de Vazante, em Minas. Prestem atenção agora às imagens que seguem. Todos esses quadros se chamam “Açougue”. Atribuo as respectivas autorias e o período em que viveu o artista.

Matadouro Minas

Açougue - Pieter Aertsen

“Açougue”, de Pieter Aertsen (1508-1575). O Brasil, como se nota, é mais grotesco

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Açougue - Annibale Caracci (15609-1609)

Acima, “O Açougue” de Annibale Caracci (1569-1609): não dá nem para o cheiro

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Açougue - Bartolomeo Passerotti (1529-1592)

Agora ” O Açougue”, de Annibale Passerotti (1529-1592): havia certo decoro

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Açougue - David-Teniers, o Jovem (1610-1690)

David Teniers o Jovem (1610-1690), pintou o seu “Açougue”: o corpo é casca

Açougue - Reinier Coveyn ((1636-1674)
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Acima, “O Açougue” de Reinier Coveyin (1636-1674): o ambiente é asséptico

O Brasil pode surpreender a arte, acanalhá-la e acanalhar-se. Leiam texto da VEJA.com. Volto em seguida.

O PPS anunciou que vai protocolar até a manhã desta terça-feira na Mesa Diretora da Câmara um requerimento cobrando explicações do novo ministro da Agricultura, Antônio Andrade, sobre sua parceria com um abatedouro clandestino no município mineiro de Vazante. Reportagem de VEJA desta semana mostra que o Antônio Andrade, conhecido criador de gado, é cliente e amigo do proprietário do matadouro, que já foi autuado por abate ilegal e condições de higiene precárias. “Trata-se de uma denúncia grave que precisa de um esclarecimento imediato do ministro. Como pode uma autoridade responsável por zelar pela saúde animal de nosso rebanho compactuar e se beneficiar de uma situação destas?”, afirmou o líder do partido, deputado Rubens Bueno (PR).

A reportagem de VEJA mostra que o novo ministro da Agricultura tem seis propriedades rurais em Vazante, sua base eleitoral, e um rebanho de mais de 3.000 cabeças de gado. Andrade fornece animais para o abate e usa a carne para alimentar funcionários de suas fazendas.

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A Câmara tem prazo de 15 dias para enviar o ofício ao Ministério da Agricultura. Após o recebimento, Andrade terá 30 dias para apresentar uma resposta. O Ministério Público de Minas Gerais solicitou à Polícia Ambiental uma inspeção no local de abate, a ser realizada na manhã desta terça-feira. De acordo com o promotor José Geraldo Rocha, a interdição será pedida caso o laudo aponte irregularidades no estabelecimento.

Voltei

O Brasil tem uma das pecuárias mais desenvolvidas e produtivas do mundo. O próprio ministro é um grande e competente produtor, até onde se sabe. É evidente que o país não pode conviver com essas cenas de horror. O que se tem ali é uma óbvia ameaça à saúde das pessoas. Estabelecimentos que praticam abates nessas condições não podem ser autuados. Têm de ser fechados.

O ministro, que ganhou uma pasta num daqueles acordões do governo Dilma com o PMDB, não pode fazer de conta que a coisa não lhe diz respeito. Sustentar que ignorava a existência do abatedouro clandestino, com o qual sua empresa negocia, ofende a inteligência e os fatos. Absurdos como esse correm o mundo e depõem contra o bom produtor brasileiro, que nada tem a ver com o descalabro.

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