Quem é o Macunaíma da história?
Leio que o cineasta André Klotzel quer fazer um filme sobre a vida de Tiririca, o deputado palhaço. Para tanto, diz que releu “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Sei, sei… Um dos segredos da honestidade intelectual é não tratar o sublime como tolo nem o tolo como sublime. Falo como regra geral. Não que eu […]
Leio que o cineasta André Klotzel quer fazer um filme sobre a vida de Tiririca, o deputado palhaço. Para tanto, diz que releu “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
Sei, sei… Um dos segredos da honestidade intelectual é não tratar o sublime como tolo nem o tolo como sublime. Falo como regra geral. Não que eu ache “Macunaíma” isso tudo, não. Acho até bem chatinho, para ser franco. Há muito folclore empacotado numa tentativa de novela ou romance. Mas vá lá. Eu e a primeira fase do modernismo somos de enfermarias diferentes…
De todo modo, para quem lê direito, “Macunaíma” é uma obra bastante pessimista – com o país e, evidentemente, com o próprio malandro.
“Macunaíma” pretende ser uma leitura do Brasil. O “herói sem nenhum caráter”, o aproveitador, o trambiqueiro simpático, acaba se dando mal. Tiririca, quie se dá bem, não é síntese de nada. é periférico demais.
Sugiro a Klotzel que repense seu projeto. O nosso Macunaíma que deu certo, que trocou a tragédia pela vida folgazã, é Lula evidentemente.
Ele, sim, chamou Venceslau Pietro Pietra, o comedor de gente, e falou: “Vamos rachar essa porcaria de muiraquitã e não se fala mais nisso?”. E assim se fez.
Tiririca? Associar Tiririca a Macunaíma me parece errado e meio covarde intelectualmente. O Mucanaíma de exaltação é outro.