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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Primeiro de Maio: o samba-do-crioulo-doido das centrais

Há coisas que não entram na cabeça de Tio Rei, e talvez ele morra, tadinho, como o último ortodoxo. Fazer o quê? Um homem tem direito a cultivar certas convicções, mesmo que em solidão. Por exemplo: marcha da maconha. Ele acha que não pode e que isso fere a lei. Juízes em Salvador, Cuiabá e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h35 - Publicado em 1 Maio 2008, 06h21
Há coisas que não entram na cabeça de Tio Rei, e talvez ele morra, tadinho, como o último ortodoxo. Fazer o quê? Um homem tem direito a cultivar certas convicções, mesmo que em solidão. Por exemplo: marcha da maconha. Ele acha que não pode e que isso fere a lei. Juízes em Salvador, Cuiabá e João Pessoa concordaram. Um de São Paulo discordou. Então tá bom. Alguns gatos pingados vão marchar em favor da maconha, mas não se trata de apologia, só de liberdade de expressão. Um princípio é bom se pode ser generalizado. Em favor de quais outros crimes se pode fazer uma marcha sem que se confunda a manifestação com apologia ou incitação? Depois vocês me respondem. Ainda perguntarei aos “marchistas” (ops!) se Marcola é um herói ou um usurpador da causa. Outra coisa que não entra na cabeça deste velho turrão e reacionário, em seus 46 anos tentando fazer um mundo pior, é festa de central sindical financiada por estatais e empresas privadas. Tio Rei considera isso uma mistura do capeta.

As três principais centrais vão gastar R$ 6,5 milhões na festança de hoje. Há um rapaz, André Guimarães, que é identificado como “marqueteiro” de festa de central. Já fez sete para a Força, informa a Folha, quatro para a CUT e agora migrou para o Salgueiro — quero dizer, para a UGT (central sindical que resultou da fusão de CGT, SDS e CAT). O valente “Paulinho da Força” (ver abaixo notícias sobre a quadrilha do BNDES) vai sortear no evento sob o seu comando dez carros zero-quilômetro e cinco apartamentos. Não é pra menos. Patrocinam o seu desfile — “O Sindicato das Minas de Ouro do Rei Paulão no Reino Encantado da Banânia, baticumbum , Olerê” — a CEF, a Petrobrás e a Eletrobrás, que também deram dinheiro às outras duas centrais. Além das empresas públicas, ajudam a pagar os custos da festa na praça Campo de Bagatelle (zona Norte) a Telefônica, a Brahma e a Bovespa.

Já os desfiles da CUT — “O Socialismo do Tontons-MaCUTs do Papa Lula na Banânia Encantada” — vão se acontecer no autódromo de Interlagos (Santo Amaro), em São Bernardo (paço municipal), em Guarulhos e no Centro de Tradições Nordestinas (zona norte). Além das estatais, dividem os custos os seguintes patrões — quero dizer, patronos: AmBev, Telefônica, Nestlé, Braskem, empreendimento Bairro Novo e Embraer.

Informa a Folha: “A Caixa Econômica Federal deu R$ 630 mil para as três centrais -R$ 300 mil para a CUT, R$ 200 mil para Força e R$ 130 mil para a UGT- para várias ações de cidadania e festas, segundo a instituição. A Petrobras informa que é ‘tradicionalmente patrocinadora dos eventos relacionados ao Dia do Trabalhador’ e neste ano concedeu R$ 800 mil a três centrais -CUT (R$ 400 mil para quatro ações paralelas ao 1º de Maio), Força (R$ 250 mil) e UGT (R$ 150 mil). A Eletrobrás também patrocinou a festa da UGT com R$ 100 mil, segundo informa a central.”

Isso não é festa de Primeiro de Maio, mas samba-do-crioulo-doido. Eu acho legítimo haver empresários no mundo — mais do que legítimo: são necessários. Como também é legítimo que haja trabalhadores — idem. Mas trabalhador é trabalhador. Empresário é empresário. Aquele, como categoria, se organiza para custear as suas festas. E estes outros fazem o mesmo. As centrais já se juntaram para bater a carteira dos trabalhadores com o Imposto Sindical Obrigatório, sobre o qual não terão de prestar contas a ninguém. É o único imposto do Brasil cuja aplicação não passa pelo crivo do controle público.

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Essas festas, com esse caráter, são apenas o emblema da nova classe social que se formou e chegou ao poder. E lá se aboletou, dividindo as benesses. Tivesse ao menos gerado um novo saber, vá lá. Mas olhem a contribuição efetiva da República Sindicalista — e acrescentem aí seu braço financeiro, os fundos de pensão — para a democracia e a transparência…

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