Por que não chamam Beira-Mar para dividir sala com o Top Top?
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai pedir hoje informações ao governo Lula sobre a contratação de Angela Maria Slongo, mulher do terrorista colombiano Olivério Medina. “Precisamos saber se a mulher do representante das Farc forma parte da administração pública federal, e, se a resposta for ‘sim’, quais as funções delegadas a ela pelo governo do […]
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai pedir hoje informações ao governo Lula sobre a contratação de Angela Maria Slongo, mulher do terrorista colombiano Olivério Medina. “Precisamos saber se a mulher do representante das Farc forma parte da administração pública federal, e, se a resposta for ‘sim’, quais as funções delegadas a ela pelo governo do presidente Lula”. Bem, a primeira parte da pergunta de Maia já foi respondida por Diogo Mainardi em sua coluna na VEJA desta semana. Sim, o governo Lula contratou a mulher do representante das Farc no Brasil. A nomeação está no Diário Oficial de 2 de janeiro de 2007, assinado por Altemir Gregolim. Quem disse que o tal ministério da Pesca não serve pra nada?
À Folha, Angela afirmou: “Eu precisava vir para Brasília, enviei currículo para vários lugares e me chamaram primeiro para a secretaria.” Huuummm… Esse “precisava vir para Brasília” deve indicar que ela queria ficar perto do marido. Por que será que Medina também “precisa” ficar em Brasília?
Peço vênia para fazer um reparo ao título da reportagem a Folha: “Governo Lula contratou mulher de ex-integrante de guerrilha”. Ele não é “ex-integrante” da guerrilha. Ao contrário. Os documentos do computador de Raúl Reyes provam que ele continua membro das Farc. Conforme noticiou o próprio jornal, a guerrilha contava com a ajuda de Celso Amorim para que o terrorista conseguisse a condição de refugiado no Brasil. Documentos já revelados pelo jornal El Tiempo, da Colômbia, mostram que uma das estratégias dos narcobandoleiros e fazer com que seus representantes no exterior passem por exilados políticos.
Medina é da guerrilha. Informa o El Tiempo: “(…) o contato das Farc, Francisco Antonio Caderna Collazos, o ‘Camilo’ [dois outros nomes de Medina] — casado com uma professora brasileira e encarregado de trocar cocaína por armas e do recrutamento de simpatizantes —, não pôde ser extraditado para a Colômbia porque goza do status de refugiado desde 2006”. A íntegra da matéria está aqui. Medina é um dos chefões de um troço chamado CCB — Coordinadora Continental Bolivariana. É o braço internacional das Farc, instalado em vários países. Raúl Reyes, o terrorista pançudo morto no Equador, divida a chefia da CCB com Medina e com Orlay Jurado Palomino, ou “Hermes”, que está na Venezuela.AbsurdoEstamos nos habituando ao absurdo, não é? A mulher de uma figura graúda do terrorismo internacional é contratada pelo governo brasileiro, e isso passa por coisa quase corriqueira. Já antevejo a resposta: a contratação é regular, e Medina goza do status de exilado político, que lhe foi concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
Aliás, não sei qual é o rito do tribunal nesses casos. Vou procurar me informar. A menos que o STF tenha sobre os arquivos de Raúl Reyes certezas distintas daquelas da Interpol, os registros são verdadeiros. E, ali, Medina é tratado segundo o que é: membro das Farc. Em seu país, é procurado por terrorismo e assassinato.
Não adianta tapar o sol com a peneira com que Gregolim pesca seus lambaris: a contratação da mulher de Medina é emblemática da, quando menos, simpatia dos petistas pelas Farc. Eles devem saber por que dar proteção a Olivério Medina, não é mesmo? Para quem não se lembra: nos arquivos da Abin, há um relatório em que um agente registra que o dito-cujo ofereceu US$ 5 milhões para a campanha do Apedeuta em 2002.
Outra figuraça ligada às Farc, entre nós, é Fernandinho Beira-Mar, que traficava a mercadoria que esses valentes “guerrilheiros” produzem (além de ideologia vagabunda): cocaína. Aquela mesma que, segundo El Tiempo, Medina troca por armas, protegido pela condição de exilado, tendo a mulher contratada pelo governo. Não dá para tratar isso como um evento menor.
Esse é o vínculo que se descobre lendo uma nomeação no jornal. Imaginem, então, o que não sai no Diário Oficial. O próximo passo é chamar Beira-Mar para dividir a assessoria especial com Marco Aurélio Garcia.
Nunca se desceu tão baixo. Mas ainda não é o fundo do poço, aposto.