Polícia prende suposto manifestante acampado no gramado do Congresso que guardava armas num carro

A Polícia Militar do Distrito Federal apreendeu uma arma de fogo e diversas armas brancas que estavam em poder de um homem — nego-me a chama-lo de “manifestante” — que estaria acampado em frente ao Congresso Nacional. Ele estava junto com a turma que defende uma intervenção militar no país. Os objetos foram encontrados em seu carro.

Atenção! É preciso distinguir manifestantes de delinquentes. O Movimento Brasil Livre é um dos que estão acampados nos gramados do Congresso Nacional e pedem o impeachment de Dilma. O Vem Pra Rua apoia a iniciativa. Os dois grupos são sabidamente pacíficos e contrários a qualquer forma de atuação violenta. Ao contrário: são explícitos na defesa da legalidade democrática. O MBL expulsou de sua área de ocupação um grupo que chegou com cartazes em favor da intervenção militar.

Aliás, já escrevi aqui mais de uma vez que os defensores da intervenção militar só alimentam o terrorismo do petismo e das esquerdas, que associam a defesa do impeachment de Dilma a um golpe — até porque, convenham, se fossem os militares a tirar a presidente do cargo, golpe seria. E eu iria para as ruas contra a medida. É preciso não confundir a defesa do impeachment com palhaçada de amadores.

A Folha falou com Dom Werneck, de 38 anos, que afirmou que foi o próprio grupo que chamou a polícia: “O nosso movimento é família, cristão, pacífico, não apoiamos esse tipo de atitude”. O dono das armas, um sargento reformado da PM, foi preso. Dom disse ao jornal que o sujeito dizia que iria matar Dilma Rousseff e jogar uma bomba no Congresso Nacional.

Pois é… Dom tem de saber que, a depender da tese que se defenda, atrai-se um tipo de maluco. Quem quer que os militares tirem Dilma do poder está defendendo que se rasgue a Constituição. Militares só rasgam a Constituição, se forem golpistas, porque têm armas. O maluco tem. Então ele achou que podia. O tal Dom me desculpe: mas inexiste defensor de intervenção militar que seja pacífico. De resto, ser família e cristão não tem nada com isso.

Culpa de Cunha
A culpa de uma palhaçada como essa é de Eduardo Cunha. O Movimento Brasil Livre, por exemplo, pediu autorização para se instalar no gramado. Ela foi dada. Com a procrastinação de Cunha, todo tipo de gente foi chegando. Sem autorização. Nas fotos que vejo, há até uma tenda gigante lá no meio, não sei a propósito de quê. Não sei de quem é, mas não me parece que seja por bons motivos.

Essas derivações teratológicas da boa causa têm em Cunha o seu centro. Ele decidiu transformar a sua questão pessoal numa causa nacional. A esta altura, parece-me evidente que ele vai dizer “não” à denúncia que conta com o apoio da oposição. Sabe-se lá quando pretende fazer isso.

Chega! O país não pode ficar refém do que Cunha decidiu fazer com a sua biografia.

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