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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Pode beijar na boca. Mas só se for gay. E a USP

Eu não tinha visto esta notícia da BBC Brasil, que me foi mandada por um leitor. Vá lá. Tem seu lado quase jocoso. Mas também diz um pouco dos dias que — ou “em que” (e isso faz alguma diferença; escolham) — vivemos. Leiam. Depois volto. Um bar para gays na cidade australiana de Melbourne […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h26 - Publicado em 28 Maio 2007, 23h17
Eu não tinha visto esta notícia da BBC Brasil, que me foi mandada por um leitor. Vá lá. Tem seu lado quase jocoso. Mas também diz um pouco dos dias que — ou “em que” (e isso faz alguma diferença; escolham) — vivemos. Leiam. Depois volto.

Um bar para gays na cidade australiana de Melbourne conquistou o direito de barrar a entrada de heterossexuais, contrariando as leis contra a discriminação do país.
O dono do estabelecimento, Tom McFeely, disse que a iniciativa vai impedir que sua freguesia gay seja insultada por homens e mulheres heterossexuais.
Cate McKenzie, vice-presidente do Tribunal Civil e administrativo que julgou o pedido, afirmou que os fregueses do Peel Hotel estavam sendo tratados como animais em um zoológico por outros clientes.
Segundo ela, grupos de mulheres heterossexuais encaram homens gays como um entretenimento e esse tipo de atenção é degradante.
A gerência do bar disse que festas de despedida de solteiro criaram uma atmosfera ruim para sua clientela gay.
Defensores das liberdades civis no país apoiaram a decisão do tribunal.
Segundo eles, homens gays precisam ter lugares para socializar onde não serão intimidados ou incomodados.

Voltei
Sim, há um mesmo espírito na decisão da tal McKenzie e dos remelentos e Mafaldinhas. Acreditem. Vejam lá: na Austrália, a exceção virou regra. Na democracia, o que seria o normal? Evocar o espírito de tolerância da maioria — que, suponho, é heterossexual até mesmo num país conhecido por ter canguru, diabo-da-tasmânia e coala — para a convivência pacífica com a minoria. E vice-versa.

Mas quê… A maioria está impedida de hostilizar a minoria, o que me parece correto. Mas não o contrário. Chamam a isso de discriminação positiva, coisa cada vez mais freqüente no Brasil também. Está presente tanto na política de cotas raciais como ali na USP. Se a PM desalojasse os invasores da Reitoria, que ocuparam por meio da violência, isso seria considerado inaceitável. Mas o ato de força dos invasores, bem, este é quase sagrado. Não obstante a invasão seja ilegal — e estamos falando de leis democráticas —, e a ação da polícia fosse legal, segundo essa mesma democracia.

Sem dúvida, trata-se do espírito de um tempo: acha-se aceitável que a reparação do que um determinado grupo considera injustiça seja praticada com a injustiça; acha-se corriqueiro que a igualdade seja conquistada por meio da entronização da desigualdade. E se fosse o contrário: e um bar que fosse vetado a homossexuais? Ah, não duvidem: a Austrália seria denunciada por algum organismo da ONU…

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E tem mais. Os meus amigos psicanalistas não me deixarão mentir: a freqüência do bar vai cair mesmo entre os gays. A fantasia secreta de todos eles, sem exceção, é conquistar um heterossexual. Nunca acontece. Mas fantasiar faz parte do jogo. Está no preço.

O mundo já foi mais tolerante. Deixado por conta das minorias organizadas, ainda acabaremos sujeitos a uma federação de fascismos. Como? Um homem e uma mulher tiveram a ousadia de se beijar no bar de Tom McFeely? Têm de ir para cadeia, a exemplo do que se fazia no passado com os sodomitas. Cada vez mais se cumpre uma predição que fiz há muito tempo: o verdadeiro negro do mundo é o branco, pobre, macho, heterossexual e católico. Nenhuma ONG quer saber dele. Nem mesmo a justiça quer saber dele. É o mais desprezível dos seres. Chegará o dia em que não poderá nem mesmo dar beijo na boca.

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