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Reinaldo Azevedo

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Pinochet já foi para o inferno. Fidel está quase lá. Mas o demônio do autoritarismo continua a nos rondar

Morre Augusto Pinochet. A morte de qualquer homem nos diminui, aquele chavão… Até a de Pinochet. O assassinato de três mil pessoas e a repressão feroz que caracterizaram a ditadura nos diminuem ainda mais. Assim, no que respeita à história, morre um facínora, e a humanidade não fica mais pobre. Como naquele rockinho de Rita […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h55 - Publicado em 10 dez 2006, 18h43
Morre Augusto Pinochet. A morte de qualquer homem nos diminui, aquele chavão… Até a de Pinochet. O assassinato de três mil pessoas e a repressão feroz que caracterizaram a ditadura nos diminuem ainda mais. Assim, no que respeita à história, morre um facínora, e a humanidade não fica mais pobre. Como naquele rockinho de Rita Lee, o destino olha para o irmão gêmeo e oposto de Pinochet, Fidel Castro, e diz: “Agora só falta você”.

Há grupos favoráveis e contrários a Pinochet nas ruas de Santiago. Alguns choram. Outros comemoram. São manifestações de um passado que finge não passar, mas que passou. O Chile é hoje uma democracia consolidada. E, felizmente para o seu povo, o país parece livre do circo do horror populista ou totalitário que tem infelicitado a América Latina.

Há uma coisa positiva nisso tudo: Pinochet morre reconciliado com a sua história. Reconhece-se que a ditadura chilena criou as bases de uma economia sólida para as potencialidades do país, mas a biografia do general fica no lugar certo: a lata do lixo. Quem ainda está no lugar errado é Fidel Castro. Emir Sader ou Fernando Morais não vão mandar suas condolências. Não haverá intelectuais e líderes políticos para fazer gracejos retóricos: “Apesar de tudo, é preciso reconhecer que ele fez muita coisa boa…” Nada disso. Restará o assassino.

E querem saber? Acho isso bom. É uma forma que temos de nos proteger do despotismo. Trágico é que se recorra a essa canalhice quando se fala de ditadores de esquerda. Proporcionalmente, Fidel matou e exilou muito mais do que Pinochet. Sua ditadura foi e é tão feroz quanto a comandada pelo outro, mas a percepção do horror é incomparavelmente menor, porque ao bandidão de Cuba se concede a licença moral de agir em nome do bem da humanidade… Leiam na Veja desta semana as palavras que Emir Sader dispensa a Fidel e a Cuba na sua energúmena Latinoamericana Enciclopédia Contemporânea, uma estrovenga feita com dinheiro público que só não merece a lareira porque deve permanecer como testemunho da picaretagem intelectual.

Eu ficaria muito satisfeito se pudesse escrever que a morte de Pinochet e a quase-morte de Fidel marcam o fim de um ciclo no continente. Vá lá… Talvez sim: o das ditaduras escancaradas. Vivemos um outro — e, para surpresa de muitos, sob o comando de certa esquerda: o dos ditadores “eleitos” pelo povo; delinqüentes políticos que usam as urnas para, uma vez no poder, tentar mudar a natureza das instituições democráticas.

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A própria ditadura chilena nasceu, é bom lembrar, da suposição de que se poderia usar o voto para dar um by pass no regime democrático. O “mártir” Salvador Allende não era exatamente um democrata, menos ainda seus companheiros de jornada, especialmente as facções armadas da esquerda que decidiram fazer a sua própria “revolução” dentro da “revolução”. Deu naquela porcaria.

Pinochet já foi para o inferno. Fidel está quase lá. Mas o demônio do autoritarismo continua a nos rondar.

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