Petralha decide me corrigir e me humilhar um pouquinho
Alguns me chamam de arrogante, pedante, pretensioso e, evidentemente, não menos ignorante por conta de todos esses outros atributos. Não concordo, mas fazer o quê? Vejam abaixo: quando o leitor faz uma restrição a meu texto com civilidade, educação, recebe de volta lhaneza. Mas sempre há o estúpido convicto, como este abaixo, que se assina […]
Caro professor de tudo:
por já ter sido capaz de dar “aulas” sobre direito, medicina, psicologia, sociologia, filosofia, ciência política, etc, (belíssimo exemplo de uma formação universal… quase um intelectual grego clássico!!!), em que se utilizou da liberdade dos “jornalistas” pretensiosos e sem bom senso, capazes de falar sobre tudo, sem entenderem de nada, poderia nos brindar com mais uma explicação, agora sobre a correção do uso da construção “Trata-se de coisas diferentes.”, utilizada na resposta ao leitor Marcello????? Teeemmmmmpo!!!!!
Voltei
Posso, sim. Explico primeiro, fuzilo depois. Só para você não morrer na ignorância.
O verbo TRATAR pode ser TRANSITIVO DIRETO, como no exemplo abaixo:
No Mobral, tratam-se leitores analfabetos e arrogantes.
O sujeito da frase é “leitores analfabetos e arrogantes”.
Na voz passiva, ficaria assim: “Leitores analfabetos e arrogantes são tratados no Mobral”. É justo. O casamento do analfabetismo com a arrogância constitui doença perigosa. O sujeito ainda acaba presidente da República.
Ocorre que “TRATAR-SE” é TRANSITIVO INDIRETO, entende? Voltemos à minha frase:
“TRATA-SE” DE coisas diferentes.
“Coisas diferentes” é OBJETO INDIRETO. Em português, o verbo tem o hábito de concordar com o sujeito, não com o objeto. E qual é o sujeito da frase, Tio? É sujeito indeterminado.
Exemplo que estava em qualquer gramática do meu tempo (quando as escolas ensinavam gramática)
VENDEM-SE casas.
Sujeito: “casas”
Verbo Transitivo Direto: vender
Na voz passiva: “CASAS SÃO vendidas”
PRECISA-SE de empregados
Sujeito: indeterminado
Verbo Transitivo Indireto
Objeto indireto: “de empregados”.
Observem que a voz passiva, nesse caso, é impossível. Não dá para escrever: “Empregados são precisados”
Escrevendo na quantidade e na velocidade em que escrevo, é claro que também erro. Quando um leitor me adverte, corrijo. O Blogger é hostil a alterações. Muitas vezes, percebo um erro de digitação ou mesmo de concordância, faço a correção, e ele não atualiza a página. É uma agonia. Fico aqui dando murros na mesa e maldizendo a humanidade. Sei que escrevo numa velocidade acima da média, mas não quero que isso sirva de desculpa. Ninguém sofre mais com um erro que vá para o ar do que eu. Perco o humor. Isso é importante pra mim.
O que me incomoda num imbecil como o tal “Curioso” é a sua pouca curiosidade. Se eu decidir corrigir alguém, faço antes, quando menos, uma pesquisa para me certificar, para não ter de passar este carão.
Observem que ele tem um péssimo juízo a meu respeito. Acha-me professor de Deus. De fato, a sua restrição a mim é uma só: ideológica. Mas não tem coragem de dizer. Esse tipo de estupidez chegou ao poder. Gramática, pra ele, é só uma questão de ouvido. Ele certamente considera que “Tratam-se de coisas” soa melhor do que “trata-se de coisas”. É a gramática achada na rua. É o triunfo empirismo apedeuta. É a supremacia do que PARECE em detrimento do que É. Isso chegou a Brasília. O “curioso” não é a doença. É só um sintoma na planície de uma doença que está no planalto.