Parole, parole, parole
Da Folha Online. Volto no post seguinte:Em entrevista à revista “IstoÉ”, o ex-ativista italiano Cesare Battisti afirma nunca ter matado ninguém e diz não acreditar no que está acontecendo.No último dia 13, o ministro Tarso Genro (Justiça) concedeu o status de refugiado político a Battisti. No entanto, o fato desagradou a Itália. Ex-militante do grupo […]
Em entrevista à revista “IstoÉ”, o ex-ativista italiano Cesare Battisti afirma nunca ter matado ninguém e diz não acreditar no que está acontecendo.
No último dia 13, o ministro Tarso Genro (Justiça) concedeu o status de refugiado político a Battisti. No entanto, o fato desagradou a Itália. Ex-militante do grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), ele foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970.
Eu nunca matei ninguém, diz Cesare Battisti em entrevista à revista “IstoÉ”
Battisti está detido no presídio da Papuda, em Brasília, desde 2007. “Eu, sinceramente, não acredito que tudo isso esteja acontecendo. É enorme, é exagerado. Eu não sou essa pessoa tão importante. Sou um dos milhares de militantes italianos dos anos 1970. Sou um das centenas de militantes que se refugiaram no mundo inteiro, fugindo dos anos de chumbo da Itália. Por que tudo isso comigo?”, questiona o ex-ativista na entrevista.
O italiano diz ainda que a decisão de Tarso é bem fundamentada. “Ele analisou todos os documentos. Não foi uma leitura superficial. E a perseguição política está provada nos documentos. Acho que o gesto do ministro Genro foi de coragem e de humanidade. A decisão é muito importante não só para mim, Cesare Battisti, mas para a humanidade.”
Na entrevista, Battisti afirma nunca ter matado ninguém. “Eu nunca matei ninguém. Eu nunca fui um militante militar em nenhuma organização. Nem na Frente Ampla nem nos PAC, onde fiquei dois anos, entre 1976 e 1978.”
Brasil
O italiano afirmou que resolveu vir para ao Brasil porque sabia que no país “existiam muitos refugiados italianos”.
“Tinha o contato do Fernando Gabeira. Não o conhecia pessoalmente, mas tínhamos amigos em comum. Tinha também outros endereços que nunca usei, como o do Ziraldo, o escritor. Gabeira foi muito receptivo comigo. Eu não falava português, mas ele falava francês e italiano. Foi uma grande ajuda para mim, psicologicamente.”
Battisti afirma, no entanto, que Gabeira não o ajudou financeiramente. “Não, ele me deu ajuda psicológica. Eu vivia dos direitos autorais dos livros que tenho publicado na França. E, desde que cheguei ao Brasil, já escrevi outros três livros.”