Para comércio, recuo da inflação torna alta dos juros injustificável
Na Folha Online:A Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) avalia como “injustificável” a manutenção do aperto monetário pelo Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central) face o recuo da inflação.“Vemos com preocupações que nem mesmo a rápida desaceleração de preços percebida nas últimas semanas foi capaz de sensibilizar os membros do […]
A Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) avalia como “injustificável” a manutenção do aperto monetário pelo Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central) face o recuo da inflação.
“Vemos com preocupações que nem mesmo a rápida desaceleração de preços percebida nas últimas semanas foi capaz de sensibilizar os membros do Copom. Para o Banco Central tudo serve para justificar a alta dos juros, até mesmo a reversão dos preços de commodities internacionais”, diz Abram Szajman, presidente da entidade.
Segundo divulgou a entidade nesta quarta-feira, o IPV (Índice de Preços no Varejo) desacelerou passando de 0,45% em julho, para -0,07% em agosto, segundo a Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Com isso, o IPV acumula 3,87% de elevação ao longo do ano e em relação a agosto de 227, a variação é de 5,6%.
O Copom decidiu, nesta quarta-feira, aumentar pela quarta vez consecutiva a taxa básica de juros neste ano, que subiu de 13% ao ano para 13,75% ao ano. O BC (Banco Central) manteve a trajetória de aperto nos juros, em um momento em que os indicadores econômicos apontam forte crescimento da economia, queda da inflação e agravamento da crise internacional.
Para a Fecomercio-SP, a política monetária adotada pelo governo trará como prejuízo “a elevação da dívida pública, a continuidade da apreciação cambial, a desaceleração dos saldos comerciais externos e a elevação do déficit em transações correntes”. “E o cordeiro devorado pelo lobo será o crescimento econômico de 2009, que voltará a ser medíocre”, ataca Szajman.
A Fecomércio-RJ afirma que, ao contrário de um novo aperto monetário, o governo deveria reduzir os gastos públicos e “não pressionar o consumo das famílias, por meio da contenção do crédito, que no Brasil ainda representa apenas 37% do PIB” (Produto Interno Bruto).
“Não há necessidade de o Banco Central elevar os juros para conter o consumo, em um cenário de arrefecimento da inflação e expansão dos investimentos na produção. Essa trajetória de alta nos juros básicos inibirá o crescimento do país no próximo ano”, avalia Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ, em nota.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, também lamentou a decisão do Copom e “afirmou que o impacto das altas anteriores ainda não se fez sentir sobre a atividade econômica e que os índices de preços vêm mostrando recuo da inflação”.
Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, em Brasília, que o aumento da taxa básica de juros só deve se refletir na economia brasileira em 2009.
Para Burti, da ACSP, o BC poderia ter feito “um aumento menor para poder avaliar melhor o cenário interno e externo, tendo em vista o alto custo fiscal da elevação da taxa selic e o seu impacto sobre os investimentos”. O presidente da Associação Comercial afirmou que, embora o consumo ainda esteja forte, já existem sinais de desaceleração do ritmo de crescimento das vendas.
DecisãoA decisão do BC não foi unânime, ao contrário do que aconteceu em todas as reuniões deste ano, e foi tomada em uma longa reunião, que durou mais de três horas.“Avaliando o cenário macroeconômico, o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 13,75% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três pela elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para trajetória de metas”, informou a nota do comitê.