Os jovens, certa graça e o método “marineiro”
Ai, ai… Tenho muitos leitores jovens. Alguns amigos dizem que escrevo textos sérios demais, longos demais, com referências demais — coisas que afastariam a juventude. Pois é: deu-se o contrário. Apostei na contramão e provei que algumas teorias sobre blogs e Internet estão erradas. Melhor pra mim! Seguirei fazendo meus textos longos… Aquele sobre as […]
Ai, ai… Tenho muitos leitores jovens. Alguns amigos dizem que escrevo textos sérios demais, longos demais, com referências demais — coisas que afastariam a juventude. Pois é: deu-se o contrário. Apostei na contramão e provei que algumas teorias sobre blogs e Internet estão erradas. Melhor pra mim! Seguirei fazendo meus textos longos… Aquele sobre as besteiras do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte tem 20.846 toques!!! Huuummm… Seria impublicável em papel, que custa muito caro. A Internet também é a libertação do texto longo, hehe.
Mas acabei me desviando. Dizia que tenho muitos leitores jovens. Às vezes, queridos, é preciso ter quase 50 (estou com 49 até o dia 19 de agosto) para achar certa graça em algumas coisas. Por quê? Porque a vivência nos impede de cair na conversa. Leiam o que informa Bernardo Mello Franco, na Folha. Volto em seguida:
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Aliado da ex-presidenciável Marina Silva, o dirigente do PV Maurício Brusadin acusou o presidente nacional do partido, José Luiz Penna, de sufocar a democracia no partido. “A direção do PV se encastelou: não se reforma e nem deixa se reformar”, afirmou, em carta obtida em primeira mão pela Folha. O texto será enviado na noite desta terça-feira a dirigentes e militantes do PV em todo o país. À tarde, a cúpula verde destituiu Brusadin da presidência do diretório verde em São Paulo. O ato agrava a crise entre Marina e Penna, que comanda a legenda desde 1999.
“O cancelamento de São Paulo aconteceu porque o Penna não quer democracia interna e não deseja construir um projeto autônomo para o partido. Tornamo-nos mais um partido como os outros, somos reféns do ‘peemedebismo’, uma espécie de federação de interesses, cujo desejo maior é entrar em qualquer governo, independente do conteúdo programático”, escreveu Brusadin. “A resposta dada àqueles que pedem por mais democracia, mais tolerância aos que pensam diferente, mais transparência, mais diálogo, mais generosidade foi a velha e tradicional ‘canetada do Penna’”, afirmou.
Voltei
O que tem certa graça nisso tudo? Notem que a “carta” do ex-dirigente do PV foi entregue à imprensa antes de ser enviada ao tal Penna. É o método dos “marineiros”: eles convocaram os jornalistas como força de apoio no seu esforço para “democratizar” o PV. Entenda-se por “democratização” do partido a transformação da legenda em mero abrigo das ambições de Marina Silva, que já é candidata à Presidência em 2014, pouco importa a sigla em que esteja. Seria possível um retorno ao PT? Uma Marina vice de Dilma em 2014? Huuummm… Quem sabe, né?, com um “código” sob medida para os ongueiros… Nota: não vai aqui nenhuma crítica ao jornalista da Folha: se recebeu a carta, tem de publicar.
O que tem certa graça é justamente esse “método Marina”, a que ela já recorria quando ministra de estado, diga-se de passagem. A imprensa veicula as verdades eternas da líder sem mácula, e ela jamais precisa se explicar. Já disse bobagens de dimensões amazônicas sobre o texto de Aldo Rebelo para o novo Código Florestal. Nada lhe foi cobrado. Ninguém leui o troço mesmo. Confia-se na leitura que ela própria fez. A ex-senadora é um dos três políticos inimputáveis do país — os outros dois são Lula e Sérgio Cabral.
Eu realmente não sei se o tal Penna e sua turma se recusam a falar ou se nem mesmo são procurados. O que sei é que os “marineiros”, que governam a imprensa com notável desenvoltura, estão encontrando dificuldades para governar o PV — tudo em nome da democracia, e a democracia, como se sabe, é Marina. Se o tal Penna é seu adversário interno, então ele só pode estar errado.