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Reinaldo Azevedo

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Os EUA podem entrar arregaçando na Líbia? O mundo é mais complexo do que parece!

Robert Gates, o secretário de Defesa dos EUA, afirmou que o país teria, sim, condições de impor uma zona de exclusão aérea na Líbia mesmo estando metido ainda em duas guerras — no Iraque e no Afeganistão. Na sua ponderação, a questão não está em saber se a intervenção é ou não possível, mas se […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h35 - Publicado em 13 mar 2011, 22h52

Robert Gates, o secretário de Defesa dos EUA, afirmou que o país teria, sim, condições de impor uma zona de exclusão aérea na Líbia mesmo estando metido ainda em duas guerras — no Iraque e no Afeganistão. Na sua ponderação, a questão não está em saber se a intervenção é ou não possível, mas se seria uma decisão inteligente. A sugestão óbvia é que não se trata da coisa mais esperta a fazer. Por que será? Dêem uma olhada neste mapa.

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Viram?

Vamos começar pela costa atlântica na África, caminhando para o Leste, da esquerda para a direita. Na semana passada, Mohammed VI, rei do Marrocos, fez seu primeiro pronunciamento oficial desde os protestos do dia 20 do mês passado e anunciou a disposição de fazer reformas democratizantes. Neste domingo, uma marcha do Partido Socialista Unificado foi dissolvida na porrada, e policiais tentaram invadir a sede do partido. Segundo as agências, dezenas de pessoas ficaram feridas, algumas em estado grave.

Caminhando para o leste, vamos parar na Argélia, cujo governo já anunciou medidas liberalizantes. Também neste domingo, a Capital, Argel, assistiu a uma série de protestos: funcionários públicos, estudantes, vítimas do terrorismo… Todos pressionavam o governo em busca de mais benefícios.

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Continuando a marcha, cairemos, mais ao norte, na Tunísia, onde tudo começou e, a Leste, na Líbia, que dispensa considerações (ver post abaixo). Daí, salta-se para ao Egito, que assistiu, até agora, à queda mais espetacular de um ditador árabe, dada a importância estratégica do país. Atenção! Não se pode dizer que um só desses países citados esteja em paz. O Egito, por enquanto, é uma ditadura militar em busca de uma fórmula que garanta a sobrevivência de um governo leigo.

Atravessem o Suez, passem por Israel — que acaba de responder a um atentado palestino que assassinou um judeu e três de seus filhos com a ampliação de assentamentos na Cisjordânia —, dêem um “alô” à Jordânia, que também já foi palco de protestos, e cheguem à Arábia Saudita. Segundo a Reuters, dezenas de cidadãos se reuniram em frente ao Ministério do Interior para exigir a libertação de parentes presos. Na sexta, falhou a convocação para o “Dia de Fúria”. O país, que detém um quarto das reservas mundiais de petróleo, mexe com os piores pesadelos do Ocidente. Não ocorreria a Sarkozy nenhum dizer quem é e quem não é o governo legítimo daquele reino… O protesto foi pequeno.

Na Arábia, caminhem para o Sul, rumo ao paupérrimo Iêmen, celeiro de terroristas, onde o governo pró-Ocidente, que combate uma poderosa célula da Al Qaeda ali instalada, anda pelas tabelas.  A polícia reprimiu hoje com violência uma manifestação contra Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. Uma pessoa morreu. Do Iêmen, indo para a Leste, chegamos ao sultanato de Omã, que já assistiu a confrontos. Trabalhadores de duas empresas privadas entraram em greve hoje. O sultão Qaboos bin Said disse que vai dobrar o valor da Previdência Social e promover reformas que limitem seu poder absoluto.

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De Omã, rumem para o Bahrein, um conjunto de ilhas entre a Arábia Saudita e o Irã.  Os xiitas, que são a maioria no país, voltaram hoje às ruas contra o monarquia sunita. Uma pessoa morreu. Mais de 200 ficaram feridas. Os EUA voltaram a pedir moderação ao governo do país, que abriga a V Frota americana — ali, a poucos quilômetros do Irã!

De volta
Finda a viagem pelo mapa, vamos voltar a Robert Gates. Certamente a maior máquina militar do mundo — e da história — dispõe de condições técnicas para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas será mesmo a coisa mais inteligente a fazer? As manifestações contra governos que vão da costa atlântica da África ao Golfo do Bahrein acabarão encontrando nos EUA a resposta fatal, é isso?

Gates é obrigado a considerar uma questão de que certa crônica política se esquece: se os EUA põem Kadafi para correr ou mesmo o elimina numa guerra, que efeito isso teria em países hoje muito propensos à rebelião? O mundo é mais complexo do que parece.

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A nossa viagem, acima, terminou no Bahrein, pertinho do Irã, que sabe como manter “controlados” seus oposicionistas. Enquanto o país assiste à revolta de seus aliados xiitas ali onde está ancorada a V Frota, anunciou ao mundo a disposição de entrar no mercado mundial de materiais e serviços nucleares – tudo com fins absolutamente pacíficos, é claro!!!

É claro que a tarefa de Obama é dificílima e que ele não é responsável pelo tamanho da crise. Sua culpa está em ter levado os americanos, e boa parte do mundo, no bico, dizendo que conhecia as respostas. Houve quem não caísse na sua conversa, como vocês sabem. Fazer o quê? A maioria decide mesmo quando a minoria está certa, não é mesmo? A democracia tem suas delícias, mas também  produz dissabores. Qual é a alternativa? Não há alternativa.

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