Oposição cria órgão para o pós-Kadafi
Por Marcelo Ninio, na Folha: Rebeldes líbios anunciaram a formação de um conselho de transição em Benghazi, segunda cidade do país, em meio a novos sinais de que o levante contra o ditador Muammar Kadafi começa a fechar o cerco à capital, Trípoli. Após 13 dias de revolta, cresce o número de cidades em poder da […]
Por Marcelo Ninio, na Folha:
Rebeldes líbios anunciaram a formação de um conselho de transição em Benghazi, segunda cidade do país, em meio a novos sinais de que o levante contra o ditador Muammar Kadafi começa a fechar o cerco à capital, Trípoli. Após 13 dias de revolta, cresce o número de cidades em poder da oposição, e não apenas no leste do país, origem da insurreição. Ontem foi a vez de Zawiya, 50 km a oeste de Trípoli.
Tanques foram posicionados em volta da cidade e militares desertores anunciaram planos de marchar rumo à capital, aumentando o temor de que os confrontos virem uma guerra civil. Um repórter da agência France Presse em Nalut, 24 km a oeste de Trípoli, não viu sinal das forças de Kadafi. Em entrevista por telefone a uma emissora de TV da Sérvia, Kadafi manteve o tom desafiador. Afirmou que não pretende deixar o país e voltou a culpar estrangeiros e o grupo terrorista Al Qaeda pela revolta que ameaça seus 41 anos no poder. Kadafi criticou a ONU pela aprovação de sanções ao país e disse que a situação em Trípoli é “segura”.
FACE POLÍTICA
Em Benghazi, que se consolida como a capital dos rebeldes, um conselho nacional foi formado para facilitar a administração das áreas controladas e apoiar o avanço da insurreição. De acordo com Hafiz Hoga, porta-voz da Coalizão Revolucionária 17 de Fevereiro, o objetivo do conselho é dar “uma face política” ao levante e formar o embrião do futuro governo pós-Kadafi. “A prioridade são os procedimentos mais urgentes em relação à administração civil e à ação do Exército. Também usaremos o conselho para nossas relações exteriores, com a ONU e outros países”, disse à Folha.
Não foi apontado um líder para o conselho. Hoga desautorizou o ex-ministro da Justiça Mustafa Mohamed Abd al-Jalil, que na véspera anunciara a formação de um governo provisório: “Ele fala por ele, não pela coalizão”, afirmou o porta-voz. Num sintoma da confusão que reina no incipiente comando das áreas controladas pelos rebeldes, o ex-ministro havia dito à rede Al Jazeera que estava em contato com líderes tribais e militares desertores para chefiar o governo provisório. “Queremos um só país, não haverá um emirado islâmico nem Al Qaeda”, disse Abd al-Jalil à emissora do Qatar. “Nosso único objetivo é libertar a Líbia deste regime e permitir que as pessoas escolham um novo governo por meio de eleições.” Embora os rebeldes tenham negado qualquer coordenação com governos estrangeiros, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que os EUA estão oferecendo apoio “a muitos líbios que estão organizando o leste do país”. Aqui