OPERAÇÃO TABAJARA 3 – Protógenes jamais informou à Justiça uso de arapongas
Por Fausto Macedo, no Estadão:Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, jamais deu ciência à Justiça Federal sobre o engajamento do exército de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha. Não há nos autos do inquérito um único relatório de Protógenes dando conta do recrutamento de agentes e oficiais estranhos aos quadros da Polícia […]
Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, jamais deu ciência à Justiça Federal sobre o engajamento do exército de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha. Não há nos autos do inquérito um único relatório de Protógenes dando conta do recrutamento de agentes e oficiais estranhos aos quadros da Polícia Federal, muito menos qualquer informação sobre o papel desempenhado pelo pessoal da Abin.
Investigação da própria PF revela que 84 arapongas participaram da missão. Muitos deles fizeram escuta telefônica por meio do uso de senhas pessoais e intransferíveis de agentes da instituição – legalmente habilitados para tal, por ordem judicial.
Protógenes é alvo de inquérito da PF e deverá ser indiciado por quebra de sigilo funcional e violação do artigo 10 da Lei do Grampo. Também poderá ser enquadrado por usurpação de função pública exatamente porque permitiu aos agentes da Abin acesso a funções de competência exclusiva da corporação à qual pertence.
Desde que iniciou Satiagraha, há cerca de dois anos, o delegado comunicou passo a passo todos os procedimentos que adotou à 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, para a qual o caso foi distribuído. Mas nunca avisou sobre o concurso da Abin para providências dentro do inquérito, até mesmo aquelas protegidas pelo sigilo judicial – além de grampos, os arapongas tiveram acesso a documentos confidenciais do Banco Opportunity.
No inquérito que tem Protógenes por alvo, já foram ouvidos 28 arapongas da Abin. Um deles, Thelio Braun D?Azevedo, oficial de Inteligência, lotado em Brasília, contou que escalou 4 servidores “que iriam cumprir uma missão, que não lhe fora revelada”.