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Reinaldo Azevedo

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Odebrecht: Tião Vianna recebeu R$ 2 milhões como caixa 2

Na delação, a "sinceridade": ‘Não tem como doar oficialmente R$ 2 mi ao governador do Acre’

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 20h57 - Publicado em 13 abr 2017, 18h17

Marcelo Bahia Odebrecht foi sincero: “Não tem como a Odebrecht aparecer como doadora oficial de 2 milhões de reais para o governador do Acre”. A frase franca revela a dimensão exagerada do pedido que o dono da maior empreiteira do país recebeu. O valor destoava dos gastos de uma candidatura naquele Estado. O solicitante era o senador Jorge Viana (PT-AC), ex-vice-presidente do Senado, apelidado pela empreiteira como “Menino da Floresta”. “Jorge Viana me ligou por volta de 2010 pedindo apoio para a candidatura do irmão Tião Viana. Eu fui muito franco e disse ‘Jorge, eu não tenho como doar os 2 milhões de reais que você está me pedindo para a campanha do governador do Acre. Isso foge de qualquer relativismo nosso interno. Por mais relação que eu tenha com você, não tenho como fazer isso. Eu aí sugeri a ele: ‘Eu tenho, você sabe, um valor que eu acerto com o [Antônio] Palocci. Se você conseguir com o Palocci que desconte do valor que eu tenho acertado com ele tudo bem.’ Ele foi lá, falou com o Palocci e o Palocci autorizou descontar da planilha italiano”, afirmou o príncipe das empreiteiras. O pedido de Viana extrapolava os limites criados pela Odebrecht para contribuições de campanha e criaria uma distorção, gerando cobranças maiores em outros Estados. “Nossos limites de doação oficial eram bem mais baixos. Eu sabia que grande parte ia sair por fora. Então acho que foi dado 500 000 reais oficial e 1,5 milhão foi pago de caixa dois”. Nem Marcelo Odebrecht nem outros subordinados que ocuparam diretorias da empresa souberam confirmar se o dinheiro, entregue em São Paulo a uma pessoa indicada pelo senador, foi mesmo aplicado na campanha eleitoral. “No caixa dois você não tem controle do que vai para a campanha e do que não vai para a campanha”, disse Odebrecht. Nem mesmo no PT, primeiro partido a centralizar a arrecadação paralela com a empresa.

 

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