O WikiLeaks, o Opus Dei e o esforço determinado para abrir uma crise no governo de São Paulo. Começou a “Operação Caça-Alckmin”
Bem, bem, bem, vamos lá! Ninguém que me lê ignora o que penso sobre o site WikiLeaks e Julian Assange. Quem não sabe a diferença entre transparência e crime ainda acaba tomando o crime por transparência. Acho a prática do site delinqüente. A minha crítica não é nova nem recente. Mais: é mentira que o […]
Bem, bem, bem, vamos lá!
Ninguém que me lê ignora o que penso sobre o site WikiLeaks e Julian Assange. Quem não sabe a diferença entre transparência e crime ainda acaba tomando o crime por transparência. Acho a prática do site delinqüente. A minha crítica não é nova nem recente. Mais: é mentira que o site publica o que tem. O material está submetido a edição. Assange chega ao requinte de mandar recados, com fez no caso do Bank of America. Se ele é estuprador ou não, isso não sei. Que é um criminoso político, não tenho dúvida. Avancemos mais um pouco.
Só um “líder mundial” saiu em defesa de Assange. Quem? Lula, ora essa! Apoiou o rapaz em nome da liberdade de imprensa. A partir daí, coisas interessantes começaram a acontecer. O WikiLeaks, que tinha escolhido a Folha de S. Paulo como o veículo que divulgaria seus vazamentos, passou a dividir o material com a revista petista Carta Capital. Depois que Lula pediu a liberdade de Assange, nunca mais vieram a público “telegramas” que pudessem deixar constrangidos os petistas. Ao contrário até: tudo bem analisado, só passaram a vazar coisas a favor.
A Carta Capital foi a primeira a publicar — e também está na Folha desta quinta — que Andrea Matarazzo, hoje secretário de Cultura do Estado de São Paulo, teria dito a diplomatas americanos, em 2006, que o então candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, pertencia ao Opus Dei, uma prelazia católica subordinada diretamente ao papa: “Obviamente Alckmin é um membro da (sic) Opus Dei, apesar das suas negativas, opinou Matarazzo”— que era, então, secretário de subprefeituras da cidade de São Paulo. Ele teria tecido ainda comentários negativos sobre aliados do candidato e dito que Alckmin só conseguia ver o mundo “da perspectiva de São Paulo”.
Conversei com Matarazzo ontem à noite. Ele nega que a conversa tenha existido. “É uma aberração! Eu não teria por que fazer um comentário naquele tom sobre uma prelazia católica; até porque sou católico também e, ainda que fosse verdade, eu não veria nisso nada de exótico. Jamais tive essa conversa!”
Vamos ver
Há crimes no Brasil que fazem a fama e a simpatia de muita gente, não é mesmo? Pertencer ao (e não “à”) Opus Dei não está nessa lista porque a) não é crime; b) a prelazia sofre uma acirrada patrulha da militância anticatólica. Sei do que falo porque vivo sendo “acusado” de pertencer ao grupo. Se fosse, diria. Qual o problema? Não seria acusação nenhuma! Mas não sou. Nem Alckmin! Matarazzo sabe disso? É claro que sim! O que ele ganharia afirmando a um diplomata americano o que saberia ser uma inverdade? Vamos ver como essa questão em particular se desdobra. Mas ela está longe de ser a mais importante ; a fofoca de 2006 já é velha demais. A questão relevante é outra: de 2011 e 2014.
Começou a ‘Operação Caça-Alckmin”
Ainda que isso fosse verdade — vamos pensar por hipótese —, qual a relevância desse documento neste momento? É evidente que, ao pinçar essa mensagem em meio a centenas de outras, o objetivo é um só: abrir uma crise no governo de São Paulo. É fácil saber a quem interessa. Como é fácil saber para quem trabalha a Carta Capital. O WikiLeaks é hoje uma fonte seletiva de desestabilização de governantes, segundo a vontade de Julian Assange e daqueles a que sem associa.
Matarazzo é próximo de Serra, antecessor de Alckmin e uma das lideranças do PSDB. As relações entre “serristas” e “alckmistas” já foram muito mais tensas. Tenta-se, a todo custo, abrir uma guerra entre as duas correntes no Estado. Revisões normais de contratos feitas pela gestão Alckmin, por exemplo, foram tratadas como se o atual governo tivesse decidido fazer uma devassa no anterior. A gestão Dilma determinou um pente fino no governo federal, e a decisão foi considerada normal, saneadora até.
Dia desses, Alckmin se encontrou com Dilma e, indagado sobre a conversa, a elogiou — o que é, no mínimo, uma obrigação de gente educada. Queriam que ele dissesse o quê? Foi o bastante para que a fala fosse tomada como um confronto com Serra… É evidente que o alvo dessa história não é Matarazzo ou Serra. O alvo é Alckmin. O objetivo é criar uma crise no governo. Onde estão, afinal de contas, os telegramas que constrangem Lula e os petistas? Não há nada?
Vamos ver
Quem divulgou a mensagem espera só uma coisa: a crise. O PT montou o maior “paulistério” da história porque o objetivo declarado é “tomar” o Palácio dos Bandeirantes. Para tanto, é preciso partir para a tática do sufoco — se possível, não deixar o governo de São Paulo um só dia sem uma notícia negativa.
Espero que o PSDB não forneça o copo de sangue aos canibais.