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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

O Rex abana a cauda, mas a cauda não abana o Rex

Costumo dizer que o que afronta a lógica não resulta em boa coisa. Nunca. Vejam só: há uma correlação óbvia entre o cachorro e seu rabo. Mas é o Rex que move a cauda. E não é porque o faz, que o contrário é também possível. Por mais que a cauda queira abanar o Rex […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h45 - Publicado em 24 jan 2007, 18h40
Costumo dizer que o que afronta a lógica não resulta em boa coisa. Nunca. Vejam só: há uma correlação óbvia entre o cachorro e seu rabo. Mas é o Rex que move a cauda. E não é porque o faz, que o contrário é também possível. Por mais que a cauda queira abanar o Rex para demonstrar satisfação, isso não é possível. Henrique Meirelles, presidente do BC, disse nesta quarta que não se incomodou com o que Guido Mantega classificou de “brincadeira”. O ministro da Fazenda cobrou dele publicamente, na apresentação do PAC, a redução da taxa de juros.
A resposta de Meirelles hoje foi a seguinte: “Não existe pressão nenhuma. Existe apenas, como em boa parte da sociedade brasileira, a confiança de que o Banco Central vai entregar a inflação na meta mais uma vez e, em conseqüência, todos os fatores macroeconômicos tenderão a se estabilizar“. Boa! Não existe economia estável e virtuosa com inflação descontrolada. Mas uma inflação controlada, por si só, não cria uma economia estável e virtuosa.
Quer dizer: o Rex mexe o rabo, mas o rabo não mexe o Rex. Um país que mandou pra fora, no quarto trimestre do ano passado, em termos anualizados, o correspondente a 2% do seu PIB e que cresce 2,7% num cenário internacional como raramente se viu — enquanto até seus vizinhos bananeiros conseguem índices mais vistosos — está com problema. Anda que tenha inflação baixa. O que quer dizer que a inflação baixa não induz a estabilização de “todos os outros fatores”. Mas também não se quer dizer, com isso, o contrário — ou seja, que mais inflação vá nos fazer bem.
O problema nesse debate é que se cai sempre num FlaxFlu. Criou-se uma doxa: quem critica a política de juros do BC é “desenvolvimentista” (como se sabe, é alguém falar em desenvolvimento no Brasil, e logo sacam o revólver), aceitaria um pouco mais de crescimento com um pouco mais inflação, está disposto a afrouxar gastos etc.
O resultado é essa esquizofrenia que aí está. Enquanto o governo pratica generosidades com o salário mínimo por exemplo — cada real a mais do dito cujo impacta a Previdência em R$ 220 milhões ao ano, nada menos —, mantém os juros nos cornos da lua sob a justificativa, que também é verdadeira, de que os gastos públicos são excessivos. Vale dizer: quem paga o pato é a economia no seu conjunto. Meireles e o BC fazem parte desse mesmo governo, mas tendem a ser tratados por setores da mídia como se fossem o bolsão de racionalidade do hospício. E se começassem a ser vistos como parte do problema? Eles estão na Casa Verde de Itaguaí e submetidos ao mesmo alienista.
O PAC é uma porcaria. E duvido que vá gerar gastança porque as fontes que deveriam financiar o nosso “Grande Salto para a Frente” nem definidas estão. Mas a ala “anti-BC” da Casa Verde conseguiu criar uma ameaça verossímil ao menos. Os radicais, como sempre, precisam de pretextos, não de motivos.
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