O que Gilmar Mendes realmente disse sobre a Universidade de Brasília
Como antecipei aqui, José Geraldo, o notório reitor da UnB – aquele teórico da vaia -, mobilizou a sua rede de apoios para colher depoimentos favoráveis à sua gestão à frente da universidade. O objetivo declarado é contestar reportagem da VEJA desta semana que demonstra que a instituição se transformou numa madraçal esquerdopata – a […]
Como antecipei aqui, José Geraldo, o notório reitor da UnB – aquele teórico da vaia -, mobilizou a sua rede de apoios para colher depoimentos favoráveis à sua gestão à frente da universidade. O objetivo declarado é contestar reportagem da VEJA desta semana que demonstra que a instituição se transformou numa madraçal esquerdopata – a revista não emprega esse adjetivo, claro!, que é da lavra deste escriba.
Entre os depoimentos, registra-se o atribuído a Gilmar Mendes, ministro do Supremo. Está assim:
“Gilmar Mendes, ministro do STF e professor da Faculdade de Direito da UnB:
Não percebo nada de anormal. Eu acompanho a diretoria da Faculdade de Direito e vejo que eles tentam conduzir o processo com abertura. Nunca senti nenhuma restrição ao meu trabalho na UnB. Posso dar meu testemunho de que o reitor José Geraldo é uma pessoa bastante tolerante, que realmente respeita outras posições. Eu tenho posições ideológicas claramente opostas às dele e nunca tivemos qualquer problema de convivência. Nos colegiados, ganha-se e perde-se.”
O ministro acaba de divulgar uma nota com o conteúdo que segue em azul. Comento no próximo post:
ESCLARECIMENTOS
Tendo sido procurado pela Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília (Secom-UnB), fiz detalhadas considerações sobre a matéria “Madraçal no Planalto”, publicada na edição 2.224 da Revista Veja (Ano 44. n. 27). A Secom, todavia, reproduziu minha declaração apenas parcialmente, de sorte que entendo importante esclarecer os seguintes pontos:
1. Destaquei a cordialidade e o respeito acadêmico que sempre marcaram a convivência com o Prof. José Geraldo de Souza Júnior, reitor da Universidade de Brasília;
2. Chamei a atenção, porém, para algumas tentativas, no âmbito da Faculdade de Direito, de jogar alunos contra professores, usando aqueles como verdadeira massa de manobra nas divergências entre docentes. Ressaltei que a incitação dos alunos, em geral, e dos centros acadêmicos, de forma particular, inclusive para apresentação de representações contra colegas, arruína o ambiente acadêmico e tolerante de que necessita uma universidade;
3. Realcei o excepcional trabalho realizado pela Prof. Ana Frazão à frente da Faculdade de Direito da UnB na abertura de novas linhas de pesquisa e de contribuições acadêmicas. Como se sabe, a direção vem sendo alvo de injustos ataques por parte de grupos interessados na desestabilização;
4. Também critiquei de forma veemente a ideia da denominada “estatuinte” para criar paridade entre os votos nas decisões da Universidade. A proposta é evidentemente ilegal, pois viola o art. 16, II, da Lei n. 5.540/1968, na redação da Lei 9.192/1995;
5. Entendo que o ethos da Universidade consiste na incessante busca de excelência acadêmica, que não pode se subordinar a quaisquer interesses externos, ainda que nutridos de boas intenções;
6. Frise-se que, em contato pessoal com o reitor José Geraldo de Souza Júnior, externei idênticas preocupações, chamando a atenção para a possibilidade de que disputas internas levem a Faculdade de Direito a quadro de conflito permanente.