O PT, de fato, encolheu no 1º turno. Só a matemática achada no jornalismo é que não vê
Os petralhas ficaram revoltados com as contas que fiz (18h25 de ontem) no post sobre a perturbada matemática eleitoral que se está usando para declarar a vitória do PT. Havia, no post, um erro no item 8. Já corrigi, e a correção não altera a essência do que está lá. E do que é que […]
E do que é que reclamam os valentes? “Ah, você não incluiu o PMDB na conta do governismo”. Ora, mas o sentido do post é mesmo evidenciar que esse partido não é lulopetista. Ele é e será sempre governista — até vai para uma oposição episódica, mas só seus pleitos não são atendidos.
Ora, poupem o que tenho de cabelos brancos: se considero vitórias do petismo as do PMDB, tenho de concluir que, para os petistas, tanto faz se Porto Alegre reelege José Fogaça ou elege Maria do Rosário (PT). Que petista diria isso? Daqui a pouco vai ter gente querendo considerar governistas os votos de Fernando Gabeira, no Rio. Ou mesmo os do peemedebista Eduardo Paes. Nem Lula adotaria essa tese.
De resto, podemos fazer contas ainda mais esclarecedoras. Que tal vermos quantos foram os votos dos partidos de esquerda (com variados teores de populismo)?
16.486.025 – PT
05.964.424 – PDT
05.682.411 – PSB
02.941.264 – PV
01.757.101 – PC do B
Total – 32.831.225 – e notem que aí ainda estão os votos de Gabeira, que, hoje em dia, não são exatamente de esquerda. Esquerdista mesmo votou em Jandira Feghali e no tal Molon, certo? Estamos falando de 33,14% do total de votos (99.053.531). Em 2004, essas mesmas legendas somaram 28.626.074 votos. Sabem quanto isso representava do total (95.192.900)? 30,07%. Entenderam? Viram só o formidável avanço de 3 pontos percentuais da esquerda? É essa a onda vermelha? Mas calma. No fim do texto, vamos ver quem avançou e quem recuou entre os esquerdistas.
Pois bem. Há muitos partidos na base do governo que têm um perfil conservador. Que podem estar com qualquer outro candidato à Presidência em 2010. E se somarmos os votos, então, que não são de esquerda? Vejam só:
14.454.949 – PSDB
09.291.086 – DEM
06.090.402 – PP
05.034.676 – PTB
04.263.372 – PR
02.802.667 – PPS
Total: 41.937.152
Mesmo que se tire o PPS daí, ainda teremos 39.134.485 votos, bem mais do que os da esquerda. PP, PTB e PR estão na base lulista, mas são esquerdistas? E o PMDB fica onde? Ora, nem no mapa ideológico o partido entra — porque pode ser qualquer coisa, a depender da seção local. Aqueles 39.134.485 de votos representam, hoje, 39,51% do total. Em 2004, esses mesmos partidos tiveram 43.366.855 votos — ou 45,55% do total (95.192.900). Uma queda expressiva de seis pontos. Mas foi a esquerda que faturou tudo sozinha? Não! Vejam a geléia geral do PMDB: saltou de 16,54% dos votos em 2004 para 18,6% agora. E também houve um aumento expressivo de votos em partidos pequenos.
Eis aí? A “Onda Vermelha” não passou de um aumento de três pontos percentuais da esquerda. Mas que se note: as outras legendas “companheiras” cresceram. O PT? O PT, meus caros, acreditem, teve menos votos em pontos percentuais em 2008 do que em 2004. Sim. Vejam isto:
– Em 2004, para um total de 95.192.900 votos, o PT ficou com 16.326.047 – ou 17,15% do total.
– Em 2008, para um total de 99.053.531 votos, o PT ficou com 16.486.025 – ou 16,64% do total.
Até onde acompanho, 16,64% é um número inferior a 17,15%. Ou estou perdendo alguma revolução matemática? Aí um petralha bravo desdenha: “Então quer dizer que os veículos x, y e z estão errados quando declaram a vitória do PT”? Sim, estão! Petista sério (a seriedade lá deles, para assuntos internos) ficou é preocupado com esse resultado. Até porque chegará o dia em que Lula será apenas um quadro na parede.
Há tempos escrevi aqui sobre “a matemática achada na rua”. Pior do que ela, só a matemática achada em certo jornalismo.