O PRÊMIO JABUTI E OS ASQUEROSOS 2 – Os detalhes de uma fraude. Ou: “Dil-má/ Dil-má”
(Porcaria! Escrevi o post anterior há mais de uma hora. Não vi que tinha ficado na área de rascunho. Publiquei há minutos. Ele deve ser lido antes deste). Qual foi o truque para premiar Chico Buarque? Bem, não houve truque. Tratou-se mesmo de uma arbitrariedade, de uma fraude escancarada. E ponto final! O Jabuti se […]
(Porcaria! Escrevi o post anterior há mais de uma hora. Não vi que tinha ficado na área de rascunho. Publiquei há minutos. Ele deve ser lido antes deste).
Qual foi o truque para premiar Chico Buarque? Bem, não houve truque. Tratou-se mesmo de uma arbitrariedade, de uma fraude escancarada. E ponto final! O Jabuti se divide em muitas categorias, a saber (a lista é grande): Romance, Contos e Crônicas, Poesia, Biografia, Reportagem, Infantil, Juvenil, Capa, Teoria e Crítica Literária, Tradução, Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes, Projeto Gráfico, Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil, Ciências Exatas, Tecnologia e Informática, Educação, Psicologia e Psicanálise, Didático e Paradidático, Economia, Administração e Negócios, Direito, Ciências Humanas, Ciências Naturais e da Saúde, Tradução de Obra Literária do Espanhol para o Português
O leite derramado por Chico Buarque que tanto excitou a turma ficou em segundo lugar na categoria “romance”, que está no tal grupo de “ficção”. Como pode o segundo lugar da subcategoria se transformar, depois, no primeiro lugar da categoria geral? É uma lógica ou malandra ou asinina. Burros, eles não são. Então se trata mesmo de malandragem. ROUBARAM O PRÊMIO DE EDNEY SILVESTRE OU DE JOSÉ REZENDE JR., primeiro lugar na categoria “Contos e Crônicas” . Fez-se uma premiação política — e não foi a única da noite, o que deixo para um terceiro post.
O trabalho do jornalismo, não fosse ele uma fração da militância petista e do “engajamento”, seria questionar o critério: se Chico não fez o melhor livro em nenhuma das subcategorias que compõem a categoria “Ficção”, como pode ter feito a melhor ficção? Mas quê… A imprensa estava ocupada demais em noticiar os frufrus e rapapés para a celebridade. A sabujice é de tal sorte asquerosa que os textos começam quase sempre por uma estranha adversativa: “Apesar de avesso à badalação…”; “embora não costume participar de eventos…” e vai por aí. Fica parecendo que, quando este senhor surge entre os humanos, uma contradição se estabelece.
Dil-má/ Dil-má
Ao receber o prêmio, boa parte dos presentes entoou o coro “Dil-má/ Dil-má”, o que o jornalismo também não retratou. Tratava-se, em suma, de uma premiação de caráter político. E de caráter político-partidário. Reitero: não foi a única. Chico Buarque foi nomeado pelo establishment esquerdista de boa parte das redações a voz crítica da nação, seja lá o que isso signifique. Em muitos casos, tem significado a justificação de ditaduras sanguinárias. Tal condição lhe confere o direito, pelo visto, de ser o beneficiário de uma fraude. O Prêmio Jabuti viola a sua própria lógica para distingui-lo. Afinal, quando Chico Buarque disputa, Chico Buarque vence.
O moço da Banda
Reza a biografia, ou hagiografia, de Chico Buarque que, no festival de 1966, a sua “A Banda” foi a vitoriosa, mas o primeiro lugar foi dividido com a esquerdista “Disparada”, de Geraldo Vandré. O próprio Chico, segundo Zuza Homem de Mello, teria exigido do júri a declaração de empate ou recusaria o prêmio. Um gesto bonito, sem duvida: VOCÊ DIVIDIR O QUE LHE PERTENCE É UM ATO DE GRANDEZA. Mas FICAR COM O QUE NÃO PERTENCE É ROUBO. E o Jabuti de “Melhor Livro de Ficção” para Chico Buarque é um roubo.
E há, sem dúvida, uma coisa que iguala aquele ambiente de 1966 a este: foi o alinhamento político-ideológico que fez “A Banda” empatar com “Disparada” — nesse caso, injustiçada foi a marchinha de Chico. E é o alinhamento ideológico que deu agora o Jabuti de Melhor Livro de Ficção a “Leite Derramado”. Vejam vocês: perca Chico ou ganhe, a esquerda só não abre mão de uma coisa: da injustiça.
Em 1966, ele dividiu o que lhe pertencia. Espero que, em 2010, ele devolva o que não lhe pertence.
Encerro
Ah, sim: nas muitas categorias do Jabuti, falta criar a de “Editor Mais Bonito” ou, sei lá, “Editor Mais Amigo dos Segundos Cadernos”. Luiz Schwarcz venceria sempre. Ele é o Chico Buarque da área.