O petismo bocó da minissérie Amazônia. Ou “Finalmente unidos pela motosserra”
Quem deu as caras há pouco na minissérie Amazônia, aquele desastre em três partes de Glória Perez? Lula. Não o Apedêutis em pessoa, mas um ator que representava a personagem. Desde o primeiro capítulo, a autora tem seus heróis e seus vilões. A cada período, Dona Zelite vai mudando de cara, mas não de método. […]
E Lula, como não poderia deixar de ser, discursava num palanque ao lado do “Bem”. Em primeiro plano, uma faixa com a marca: “Partido dos Trabalhadores”. O momento mais dramático ainda está para acontecer: o assassinato de Chico Mendes. Certo, dirão, mas isso já é história. Bem, se é história, então não estamos lidando com categorias absolutas como Bem e Mal. Que se observe: a direção de Amazônia também é constrangedora. Os confrontos entre bolivianos e acreanos na primeira fase lembravam as guerras de bombinha de que eu participava quando era moleque — espero que ninguém faça isso hoje…
Como sabemos, o “Bem” está no poder, não é? Talvez Glória Perez não chegue até a fase da redenção. O PT começou, neste 2007, o nono ano de governo no Acre, que ficará sob o domínio do partido por pelo menos 12. O atual governador, Binho Marques, sucede Jorge Vianna, eleito e reeleito. O clã dos Vianna, hoje, dá as cartas por lá — seu irmão, Tião, é senador. Marina Silva, do grupo, é ministra do Meio Ambiente. São os novos coronéis da poesia da castanha do miolo mole.
Marques foi eleito numa coligação que juntou PP, PL, PRTB, PMN, PSB¸ PC do B, além do apoio informal de lideranças do PSDB, do PFL e do PPS. Isso significa que, finalmente, estão todos juntos. Só para vocês saberem como são as coisas. O homem foi eleito com o apoio de Orleir Cameli, ex-governador do Estado, que era tratado pelos petistas como um capeta. Mas Marques agora é compreensivo: “O Cameli é uma liderança inquestionável, adorado na sua região. Existe uma diferença muito grande entre o que sai nos jornais e o que a população sente”. Huuummm…
Ah, sim, o grupo também tem o apoio de Aureliano Pascoal (PR), ex-secretário de Segurança Pública de Cameli. Ele é primo de Hildebrando Pascoal, aquele, sabem?, da motossera…
O PT uniu o que o maniqueísmo de Glória Perez separou na pior minissérie da história da Rede Globo, notória por ir largando personagens ao longo do caminho, que iam morrendo por falta de roteiro…