O PAC ainda não existe, mas o PAN funciona a todo vapor
Se o governo Lula vai conseguir ou não botar o tal PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para funcionar, isso ou não sei. O que sei é que o PAN — Programa de Aceleração de Notícias — funciona que é uma beleza. Duas reportagem neste domingo chamaram a minha atenção: uma da Folha, e outra […]
No primeiro jornal, assinado por Valdo Cruz e Kennedy Alencar, lê-se o seguinte texto: “A meta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é investir efetivamente um total de R$ 20 bilhões do Orçamento da União em 2007, segundo apurou a Folha. Isso representaria aumento de mais de 30% em relação aos investimentos de R$ 15,2 bilhões feitos em 2006, o ano da reeleição do petista. A maior parte desses recursos será destinada às obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), com o qual Lula promete “destravar” a economia e levar o PIB (Produto Interno Bruto) a crescer pelo menos 4% no primeiro ano do segundo mandato. Nos anos seguintes, o presidente tem dito que sua meta será repetir o mesmo nível mínimo (R$ 20 bilhões), o que totalizaria investimentos públicos orçamentários de pelo menos R$ 80 bilhões até o final do segundo mandato, em 2010.” Reparem naquele “apurou a Folha”. Das duas uma: ou os dois repórteres chegaram aos dados depois de um exaustivo trabalho de “apuração”, ou quem passou a informação pediu para seu nome ser preservado. Curioso.
Leiam o que escreve Lu Aiko Otta no Estadão: “O pacote de medidas econômicas em elaboração pelo governo, agora batizado de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vai prever investimentos públicos de R$ 80 bilhões nos próximos quatro anos. ‘Esse vai ser um parâmetro a ser perseguido’, disse ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, referindo-se à previsão de R$ 20 bilhões anuais. O valor não leva em conta os investimentos das estatais, que só em 2007 devem ser de R$ 49,4 bilhões.” Acho que descobrimos a fonte da apuração da Folha: Paulo Bernardo. O ministro deve ter esquecido de pedir off ao Estadão…
No mais, as matérias seguem em tudo coincidentes. Na Folha: “A equipe de Lula prepara uma lista de 50 a 60 obras prioritárias em infra-estrutura -estradas, ferrovias, portos e saneamento. Todas teriam metas de execução e ficariam livres de bloqueio de verbas.” No Estadão: “Desses, vai destacar cerca de 50 prioridades, que terão tratamento ‘vip’: cada um terá um gestor responsável por tirá-lo do papel e suas verbas não poderão ser bloqueadas pelo Tesouro.”. Na Folha: “Em reuniões na última semana, antes do início do período de dez dias de férias no Guarujá, Lula discutiu com ministros obra por obra. Foi elaborado um cronograma que as dividirá em três grandes grupos”. No Estadão: “Em reuniões realizadas na semana passada, foi discutido o detalhamento dos principais projetos. ‘Há alguns que vão começar ainda este ano, mas também vamos listar obras que ficarão para mais tarde’, disse o ministro.”
Deve haver alguma estratégia mais inteligente do que possa ser alcançado pelos humanos que explique que um ministro forneça a um jornal em off as mesmíssimas informações que passa a seu principal concorrente em on. Talvez seja mais um dos itens do PAN — o Programa de Aceleração de Notícias.
Para ler o que Bernardo diz em off, clique aqui
Para ler a mesma coisa dita em on, clique aqui