O nefando como o que é: nefando
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Da Efe
Josef Fritzl, o homem que prendeu em um porão sua filha Elisabeth por 24 anos e abusou dela sexualmente durante décadas, foi isolado no Centro Penitenciário de Sankt Pölten, diante do risco de que outros presos o linchem. A informação foi divulgada por Günter Mörwald, diretor dessa penitenciária, onde Fritzl, de 73 anos, se encontra em prisão preventiva.
Em entrevista ao diário austríaco Heute, Mörwald lembrou que na Áustria, da mesma forma que em muitos outros países, há entre os presos códigos próprios que estabelecem hierarquias para os delinqüentes e crimes. Os assassinos e estupradores são vistos como o pior tipo de presos, e por isso os detidos por crimes sexuais contra menores costumam sofrer ataques extremos, que vão até o linchamento.
Nem mesmo o isolamento consegue proteger sempre os pedófilos, assegurou ao jornal um homem de 63 anos (Robert E.), que cumpriu na Áustria uma pena de três anos por roubo a banco. “Quando um preso está na lista negra, sempre há um caminho para chegar a ele. Durante o passeio no pátio, no banho, ou durante a refeição, que costuma ser preparada e servida por outros presos”, assinalou.
Fritzl pode ser condenado à prisão perpétua por homicídio, pela morte de um dos bebês nascidos em cativeiro como fruto do incesto com sua filha, mas para isso os investigadores precisam encontrar provas suficientes para ligá-lo ao crime. Se isso não for possível, o aposentado pegará no máximo 15 anos de prisão por ter trancado e abusado de sua filha por 24 anos, podendo sair sob liberdade condicional após sete anos e meio.
Comento
Pois é. Não vou eu dizer aqui que os austríacos são sempre um exemplo de civilidade. O pior deles foi muito pior do que se poderia imaginar… Sabem de quem estou falando, por certo. Boa parte dos europeus, pelo menos dos ocidentais, acredita que o continente é a morada da civilidade. Não é, não. Em banho de sangue, a Europa deixa muito pouco a desejar ao resto do mundo.
Mas, sem dúvida, nos dias correntes, tomam-se certos países como exemplos de sangue frio e comedimento, gente que não se deixaria arrastar pela “mídia sensacionalista”. Para os nossos “inteliquituais” e alguns de nossos jornalistas salta-pocinhas, emocionar-se ou se revoltar diante do assassinato brutal de uma criança é coisa da bugrada nativa…
Pelo visto, os “bugres austríacos” também têm a noção do hediondo, não é?, e o rejeitam. E se revoltam. A exemplo do que os brazucas fazem por aqui, também eles visitam a casa em que aconteceram os crimes. Solte-se Josef Fritzl no meio da massa austríaca para ver.
Por que escrevo isso? Porque alguns “povólogos” brasileiros deram agora para achincalhar o povo, que pede a punição dos assassinos de Isabella. Queriam o quê? Olhem lá. Fritzl, sem dúvida, é um caso psicanalítico e tanto — uma verdadeira bomba freudiana, para ficar nos domínios da Áustria…
Mas, acima de tudo, ele era um estuprador que tinha conseguido escapar da lei. Como diz o refrão da música de Caetano Veloso, “de perto, ninguém é normal”. Mas a sociedade tem controles e pactos de convivência que definem o inaceitável, o nefando. Seja nas pobres ruas brasileiras. Seja num concílio de sábios.