O milagre de Lula : acordo Oi/BrT eleva ações em R$ 8,8 bilhões
Por Fabricio Vieira, na Folha: O negócio entre a Oi (ex-Telemar) e a Brasil Telecom (BrT) ainda não foi concluído. Mesmo assim, as companhias e seus acionistas já ganharam alguns bilhões de reais em valor de mercado na Bovespa nos últimos dias. Juntas, Telemar, Telemar Norte Leste e BrT valorizaram-se neste ano em R$ 8,84 […]
O negócio entre a Oi (ex-Telemar) e a Brasil Telecom (BrT) ainda não foi concluído. Mesmo assim, as companhias e seus acionistas já ganharam alguns bilhões de reais em valor de mercado na Bovespa nos últimos dias. Juntas, Telemar, Telemar Norte Leste e BrT valorizaram-se neste ano em R$ 8,84 bilhões e atingiram valor de mercado de R$ 59,52 bilhões. A apreciação das teles se destaca ainda mais considerando que a Bolsa de Valores de São Paulo -com 405 companhias com papéis negociados diariamente nos pregões- perdeu R$ 130 bilhões em valor neste começo de ano.
O valor de mercado das empresas listadas na Bolsa oscila de acordo com o preço de suas ações. A Telemar, por exemplo, passou a valer R$ 20,59 bilhões na última sexta-feira, saindo de R$ 16,57 bilhões no fim de 2007. Suas ações preferenciais acumulam alta de 26,5% neste ano, até o pregão de sexta.
Com essa escalada, a Telemar passou de 18ª companhia mais valiosa listada na Bolsa paulista em novembro para a 15ª posição na sexta.
No período, a BrT teve aumento de R$ 1,88 bilhão em seu valor de mercado, que foi a R$ 15,32 bilhões. Entre suas ações mais negociadas, o destaque ficou com Brasil Telecom Participações ON (ordinária), que já subiu 9,68% neste ano. A companhia passou da 26ª para a 21ª posição entre as maiores da Bovespa desde novembro.
Um grande investidor que detivesse R$ 1 milhão em ações preferenciais da Telemar no fim de 2007 teria conseguido ficar R$ 265 mil mais rico neste começo de ano.
Na contramão, a Bolsa paulista começou o ano em ritmo fraco: o índice Ibovespa, que reúne as ações de maior liquidez do mercado, registra em 2008 baixa de 2,66%.
Isso demonstra que, em um período desanimador na Bolsa, os acionistas das teles que estão em processo de negociação tiveram lucros consideráveis.
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VolteiEsse Lula realmente é capaz de grandes prodígios, não é? E olhem que ele ainda nem assinou a Lei Fleury — ou o “Decreto Oi” —, aquele que será feito exclusivamente para beneficiar a empresa, numa demonstração da alta compreensão que esses patriotas têm do que seja uma república.
Acredito que, quando os jornalistas “dualéticos” e tocadores de tuba falaram do interesse estratégico em criar uma grande companhia nacional, pensavam justamente em provocar esse efeito virtuoso na bolsa, né? Lula já tem um motivo a mais para fazer o “Decreto Oi”: impedir que esses apostadores percam dinheiro. Como sabemos, estamos diante de uma revolução: é aquela em que os negócios regulam as leis, e não o contrário.
Digam o que disserem, este é, uma vez efetivado, o maior escândalo do governo Lula. A se considerar o valor, em moeda nacional ou em dólares, creio que seja o maior da história do país. Ontem, fiz alguns posts explicando o que está em curso e por que há tanto picareta dizendo, a cada hora, uma coisa diferente.
Se vocês pensarem bem, a situação é surrealismo puro. O meganegócio está sendo feito entre duas empresas que operam sob regime de concessão, um setor altamente regulado. O negócio já é público. Num ambiente em que vigorasse o estado de direito, o estado legal, essas empresas já teriam sido chamadas a se explicar: como ousam fazer um negócio proibido pela lei? Mas o governo se cala: nem lembra a proibição nem muda a lei.
Certamente está à espera de contar com a aprovação dos fundos de pensão, que ainda resistem à mudança e querem manter a influência que têm hoje, já que são os todo-poderosos da Brasil Telecom e deixarão de sê-lo. Os fundos sempre foram grandes aliados do PT. De fato, são as forças que fizeram, digamos, a “acumulação primitiva do capital” petista. E isso há muito tempo e há muitos governos. Acontece que Lula também têm seus compromissos. E chegou a hora de saldá-los e saudá-los.