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Reinaldo Azevedo

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O Haiti é ali – Sem acesso ao IML, famílias enterram corpos no quintal de casa na região serrana do RJ

Por Vinícius Queiróz Galvão, na Folha Online: Seis dias depois da chuva que devastou cidades da região serrana do Rio, moradores de áreas isoladas estão enterrando parentes e amigos no quintal de casa. É assim em Santa Rita, uma região de sítios em Teresópolis que, depois de sucessivos deslizamentos que derrubaram pontes e estradas, transformou-se […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h07 - Publicado em 17 jan 2011, 22h59

Por Vinícius Queiróz Galvão, na Folha Online:

Seis dias depois da chuva que devastou cidades da região serrana do Rio, moradores de áreas isoladas estão enterrando parentes e amigos no quintal de casa. É assim em Santa Rita, uma região de sítios em Teresópolis que, depois de sucessivos deslizamentos que derrubaram pontes e estradas, transformou-se em pedaços de terra ilhados. Só é possível chegar à localidade de helicóptero ou através de trilhas pela mata, num percurso de oito horas ida e volta.

Com a impossibilidade de acesso do IML (Instituto Médico Legal) para recolher cadáveres, com a prioridade de resgatar pessoas com vida e com o estado avançado de decomposição, os corpos têm sido enterrados em covas rasas nas ruínas das casas. “Enterrei meus quatro vizinhos no quintal. Já estavam lá desde terça, ninguém suportava mais o mau cheiro”, diz o lavador de carros Edson Aquino, abrigado num estádio de Teresópolis.

“Quem não reconheceu os mortos deixou tudo para trás, por cima da terra. Em Santa Rita é só corpo e lama. Nunca pensei que tivesse de enterrar meus parentes em casa”, afirma a doméstica Suzana da Silva Oliveira. No IML de Teresópolis, parentes reclamam da demora na identificação dos corpos e da burocracia para liberá-los. Na entrada do instituto médico, uma cartolina improvisada dá a orientação aos familiares em dez pontos.

Depois do reconhecimento do corpo, é preciso preencher um ficha, que deve ser entregue a um papiloscopista. O IML então emite um documento que deve ser levado à Defensoria pública, que por sua vez emite um alvará para liberação do cadáver.

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De lá, o parente tem de ir ao subsolo entregar o alvará à funerária para remoção do corpo. E, se não puder pagar todo esse processo, é preciso voltar à recepção. “É um desrespeito. Não se comovem com o nosso sofrimento. Perdi sete pessoas da família, imagina o vaivém para resolver toda essa papelada”, diz a doméstica Maria Cinira das Dores.

Com muitos corpos em decomposição, o reconhecimento só é feito por imagens. Os cadáveres são retirados dos caminhões frigoríficos e fotografados no meio da rua. A necropsia também é feita na calçada. Se não conseguir confirmar a identidade do morto por fotos, os parentes tiram sangue para fazer exames de DNA, depois comparados com amostras dos corpos. “Preenchi a ficha duas vezes porque perdem os documentos. Prometeram liberar o enterro na sexta de manhã, mas até agora [sábado, 15], nada”, disse o frentista Márcio dos Santos.

Houve tumulto e a confusão foi tanta que o juiz José Ricardo Aguiar, da 2ª Vara de Família, subiu no galpão anexo do IML para pedir calma aos familiares. A assessoria da Prefeitura de Teresópolis não tem conhecimento sobre enterros de corpos em quintais. De acordo com o assessoria, a Justiça local buscará confirmar a informação quando a situação se acalmar.

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