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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

O “Deus seja louvado” da cédula e a fala tonta de Sarney

Eu não digo “sim” à tolice mesmo quando, circunstancialmente, ela concorra para a escolha que fiz. Prefiro, aliás, uma boa tese adversária a uma ruim que se queira minha parceira. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) criticou — e eu também, como sabem — a iniciativa de um procurador, que tenta eliminar das cédulas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h25 - Publicado em 13 nov 2012, 16h22

Eu não digo “sim” à tolice mesmo quando, circunstancialmente, ela concorra para a escolha que fiz. Prefiro, aliás, uma boa tese adversária a uma ruim que se queira minha parceira. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) criticou — e eu também, como sabem — a iniciativa de um procurador, que tenta eliminar das cédulas do real a expressão “Deus seja louvado”. Está lá desde 1986, quando o presidente da República era o próprio Sarney.

Segundo informa a Folha Online, o presidente do Senado se expressou nestes termos:
“Precisamos cada vez mais ter a consciência da nossa gratidão a Deus por tudo o que ele fez por todos nós, humanos, e pela criação do universo. De maneira que não podemos jamais perder o dado espiritual (…)”

Sarney disse ainda sentir “pena” do homem que, “na face da Terra, não acredita em Deus”.

Vamos ver. Fosse por esses motivos, eu também cobraria que se eliminasse a expressão da nota. O ponto é rigorosamente outro. A questão não diz respeito à fé de cada um, mas à tolerância com a fé alheia, especialmente à da esmagadora maioria dos brasileiros.

Eu não tenho pena nenhuma dos ateus. Também não acho que sejam aleijões morais. Ele têm as suas convicções, e eu as respeito, embora delas não compartilhe. Também não saio pregando que as pessoas tenham “consciência da gratidão” porque as coisas, ditas desse modo, soam estranhas. Faz supor que possa existir uma gratidão inconsciente.

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O ponto é definitivamente outro. Entendam: não seremos uma nação mais cristã ou menos, mais bondosa ou menos, mais justa ou menos a depender de estar lá na cédula a mensagem “Deus seja louvado”. Nada impede, ademais, como é sabido, que em nome de Deus ou da Razão, se cometam as piores atrocidades. Nem a fé nem a racionalidade são garantias de um mundo civilizado, justo e honesto. Não estamos no terreno dos valores absolutos.

O ponto é outro. A expressão consta hoje das notas, e não há ninguém — a não ser o tal procurador em sua, tudo indica, desocupação — que se incomode com ela. Fala-se ali de um “Deus” genérico, no qual acreditam cristãos, judeus, muçulmanos, espíritas e outras tantas convicções religiosas. Algumas religiões de origem africana não são monoteístas, mas não são hostis a existência do divino. Notem: se aqueles “Deus” da cédula fosse explicitamente o Deus cristão, isso já estaria a falar a mais de 90% dos brasileiros. Não havendo essa especificação, aproximamo-nos dos 100%.

“Mas e os ateus? E os que não creem em nada?” Ora, não estão tendo nenhum prejuízo objetivo ou subjetivo, mormente porque as pessoas não costumam fazer das cédulas uma fonte de leitura. Louvar um Deus — mesmo que só o Deus cristão — significa louvar também a tolerância, EIS O PONTO!, com quem pensa de modo diferente.

“Deus seja louvado” é nada mais do que a expressão calma e serena da convicção da maioria, sem discriminar a minoria. Intolerante, isto sim, é criar um caso em torno disso, tentando impor à maioria, aí sim, os valores da minoria.

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