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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

O desabamento do viaduto de Belo Horizonte e a engenharia política

Caros leitores, Eu não gosto dessa história de “evento simbólico” porque o simbolismo nunca está nos fatos, mas na cabeça de quem o vê. E quase sempre se trata de uma distorção. Assim é com o desabamento do viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, que matou duas pessoas nesta quinta-feira. Se o Brasil já tivesse sido […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h33 - Publicado em 4 jul 2014, 07h29
Viaduto Guararapes, que estava em obras, desaba na avenida Pedro I, em Belo Horizonte

Viaduto Guararapes, que estava em obras, desaba na avenida Pedro I, em Belo Horizonte

Caros leitores,

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Eu não gosto dessa história de “evento simbólico” porque o simbolismo nunca está nos fatos, mas na cabeça de quem o vê. E quase sempre se trata de uma distorção. Assim é com o desabamento do viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, que matou duas pessoas nesta quinta-feira. Se o Brasil já tivesse sido eliminado da Copa, ele seria considerado, então, um símbolo do desastre futebolístico; caso a Seleção Brasileira seja derrotada nesta sexta (toc, toc, toc), será tomado como um prenúncio; caso derrote a da Colômbia — bem, aí será apenas um viaduto que caiu em razão, certamente, de um erro de engenharia, com ou sem dolo. Que erro há, isso é evidente. Seguidas as leis da física e da matemática e respeitadas as características do terreno e dos materiais, obras não caem.

Há, sim, uma evidente ironia macabra no episódio — e não é por acaso que a presidente Dilma Rousseff correu para emitir uma nota de solidariedade às vítimas, lamentando o ocorrido: o viaduto integrava o pacote de obras de mobilidade para a Copa do Mundo, financiadas pelo PAC. A avenida em que se encontra a obra, a Pedro I, é uma das ligações entre o aeroporto de Confins, na região metropolitana, e o centro de Belo Horizonte. Não ficou, como se sabe, pronta a tempo — o que ocorreu com boa parte das intervenções do gênero. Outra parte nem saiu do papel.

Os chamados “ganhos permanentes” com a realização da disputa no Brasil são muito pequenos em razão da incompetência do poder público, muito especialmente do governo federal. Se o evento teve algum efeito na economia brasileira, foi, como revelam os números, negativo. Na próxima terça-feira, o Mineirão abriga um dos jogos da semifinal da Copa. Se a Seleção Brasileira vencer a da Colômbia nesta sexta, realiza no estádio o seu sexto jogo no esforço de conquistar o hexa. Num outro momento, a tragédia poderia ter assumido proporções verdadeiramente dramáticas.

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Um símbolo concentra as características de uma realidade mais ampla e, quando visto ou evocado, a ela remete. É evidente que o viaduto que desabou não será tomado como a imagem do Mundial de 2014, disputado no Brasil. Esse desabamento é, isto sim, um sintoma de como se fizeram as coisas, especialmente no que diz respeito às ditas obras de mobilidade, os únicos benefícios reais com os quais os brasileiros poderiam ter sido contemplados e que, com raras exceções, foram abandonadas, ficaram no meio do caminho ou foram mal e porcamente planejadas.

Também a Fifa, a exemplo de Dilma, ficou preocupada com o acidente e correu para colher informações a respeito, temendo a eventual repercussão negativa mundo afora. Em momentos assim, muita gente se mobiliza para tentar salvar ao menos as aparências. Sim, acidentes acontecem, como é sabido. Não é o primeiro numa obra ligada à Copa do Mundo. Mas não é corriqueiro que ela toda venha abaixo em plena realização do torneio. A engenharia brasileira é competente e sabe construir viadutos que parem de pé. O nosso problema segue sendo de engenharia política.

Esse erro mata muito mais.

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