O caos de idéias claras de Obama
Por Sérgio Dávila, na Folha. Volto depois:Em seu primeiro discurso totalmente dedicado à América Latina, o senador Barack Obama adotou tom cauteloso, de meio do caminho entre a atual política norte-americanas e as mudanças mais radicais que vinha prometendo na campanha. O pré-candidato democrata à sucessão de George W. Bush disse que, se eleito em […]
Em seu primeiro discurso totalmente dedicado à América Latina, o senador Barack Obama adotou tom cauteloso, de meio do caminho entre a atual política norte-americanas e as mudanças mais radicais que vinha prometendo na campanha. O pré-candidato democrata à sucessão de George W. Bush disse que, se eleito em novembro, manterá o embargo econômico a Cuba, apoiará invasões da Colômbia na luta contra as Farc e adotará postura crítica em relação a Hugo Chávez.
Em contrapartida, acenou com a possibilidade de se encontrar com o líder cubano Raúl Castro, disse que permitirá mais viagens e envio de dinheiro à ilha e criticou a falta de diálogo do atual governo com o presidente venezuelano. Num dos pontos mais polêmicos do que chamou de “Nova Parceria para as Américas”, o democrata tomou o mesmo lado de Bush na ação recente mais controversa a ter lugar na região.
“Vamos apoiar integralmente a luta da Colômbia contra as Farc”, afirmou, durante discurso em almoço oferecido pela entidade anticastrista Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), em Miami, na Flórida. “Trabalharemos com o governo para eliminar o reino do terror dos paramilitares. Apoiaremos o direito da Colômbia de atacar terroristas que buscam abrigo seguro cruzando as fronteiras.”
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Comento
Barack Obama pode ser um bom presidente dos EUA? Eu acho que não. Se ele for eleito, espero sinceramente que esteja errado. Nessa hipótese, se ele se revelar um gênio, ninguém precisa me cobrar nada. Eu rejeito é o Obama que está aí e que diz o que vai acima, não o eventual mago. Como só dá para torcer pelo candidato, não pelo presidente que ele pode ser, torço para que não ganhe a eleição. Por quê?
O quase candidato democrata diz que apoiará a Colômbia se ela for caçar terroristas em outros países. E eu estou, é claro, com ele. Isso quer dizer que, então, manterá o apoio ao Plano Colômbia se chegar à Casa Branca. Mais do que isso. Quer dizer que vai manter a política de Bush: buscar os terroristas onde eles estiverem. Ok. Isso não é surpresa. Já dissera o mesmo em discursos anteriores. Num deles, falou em atacar até o aliado Paquistão se isso for necessário. Macho pra caramba!
Mas e essa história de criticar “a falta de diálogo” com Hugo Chávez ou se encontrar com Raúl Castro? O que isso quer dizer exatamente? Nada! Está falando por falar. No caso específico do presidente da Venezuela, parece ignorar que o bandoleiro é um dos financiadores dos terroristas que a Colômbia combate, com métodos condenados na América do Sul, mas que Obama (e eu também) endossa.
Afinal de contas, o que pensa o homem? Parece que nada. Ou tudo; uma coisa e também o seu contrário. Ele está em busca de votos e parece não querer deixar ninguém infeliz: nem os anticastristas aos quais discursa nem aqueles que acreditam que os EUA, no fundo, são responsáveis pela ditadura cubana ou pelo regime autoritário venezuelano.
Pouco importa qual pode ser o “Obama no poder”: ele terá sido necessariamente anunciado pelo “Obama candidato”. Se vencer, vamos ver qual eleitorado ele vai trair.