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Reinaldo Azevedo

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O brado retumbante

O povo que pôs fim à ditadura, que depôs um presidente na lei e na ordem e que venceu a inflação, convivendo com duas moedas, merece uma Seleção melhor, um governo melhor, uma oposição melhor, uma classe política melhor e um futuro melhor. Já chegou a hora de aposentar a tese de que “todo povo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h29 - Publicado em 14 jul 2014, 16h36

O povo que pôs fim à ditadura, que depôs um presidente na lei e na ordem e que venceu a inflação, convivendo com duas moedas, merece uma Seleção melhor, um governo melhor, uma oposição melhor, uma classe política melhor e um futuro melhor.

Já chegou a hora de aposentar a tese de que “todo povo tem o governo que merece”. A população brasileira já passou, e passa ainda, poucas e boas. Ainda assim, acredita no futuro, recebe bem quem vem de fora, luta — a esmagadora maioria ao menos — para ganhar a vida honestamente. Merece ser governado por uma classe política mais decente.

Esse povo está cansado, sim, de empulhação, de roubalheira, de um estado que não funciona. Quando pede “escola e saúde padrão Fifa”, está despertando para o fato de que é um dos maiores pagadores de impostos diretos e indiretos do mundo, sem que o Poder Público lhe dê o devido retorno.

A resposta para isso, claro!, não é a tal democracia direta dos conselhos populares, como agora ameaçam os petistas. Essa democracia direta é justamente o contrário do que querem milhões de pessoas: o que se pede é uma República dos Iguais, não uma República dos Diferentes — porque ligados a um partido, a um sindicato ou pertencentes a uma classe.

O governo petista está batendo cabeça para tentar entender o que se passa e não consegue porque se apega à ortodoxia de esquerda, dos movimentos organizados, o que levou Gilberto Carvalho, por exemplo, a negociar com criminosos, já que confessou ter se encontrado várias vezes com black blocs.

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Qualquer que seja o resultado nas urnas neste 2014, vença o governo de turno ou a oposição, é preciso que o estado se abra mais para ouvir a sociedade, não entregando a administração pública a minorias, a conselhos e a sovietes. Precisamos é de indivíduos mais livres para empreender, dentro das regras do jogo. Vença Dilma, Aécio ou Campos, quem não entender o “brado retumbante” corre o risco, numa situação econômica não muito favorável que vem pela frente, de ter sérios problemas com a governabilidade.

O brado retumbante pede governantes mais sérios. O brado retumbante quer um governo melhor, uma Seleção melhor, uma escola melhor, uma saúde melhor. A razão é simples: o povo paga caro por isso tudo. E não recebe a mercadoria. Está cansado de ser vítima de uma espécie de estelionato da cidadania.

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