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Reinaldo Azevedo

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O Apedeuta canta as próprias glórias na Universidade Federal da Bahia. E trata láurea com certo desdém

Estudantes da Universidade Federal da Bahia organizaram um protesto no dia em que o Apedeuta recebeu da instituição o título de doutor honoris causa. Para variar, Lula deu um jeito de elogiar um pouco mais do que já o estavam elogiando e ainda tratou com desdém a láurea com que lhe puxaram o saco. Recebi […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h43 - Publicado em 20 set 2011, 18h22

Estudantes da Universidade Federal da Bahia organizaram um protesto no dia em que o Apedeuta recebeu da instituição o título de doutor honoris causa. Para variar, Lula deu um jeito de elogiar um pouco mais do que já o estavam elogiando e ainda tratou com desdém a láurea com que lhe puxaram o saco. Recebi algumas fotos das instalações da UFBA. Estou enfrentando alguns problemas técnicos para publicá-las. Mas chego lá. Leiam o que informa Tiago Décimo no Estadão Online. Volto depois.

Estudantes da UFBA protestam em homenagem a Lula

Foi sob protestos de um grupo de cerca de 100 estudantes ligados ao Diretório Central da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, no início da tarde de hoje, o título de doutor honoris causa da instituição. O grupo chegou ao prédio da reitoria da instituição para cobrar aumento para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) o montante a ser obrigatoriamente investido em educação no País.

Como não havia espaço no salão onde ocorria o evento, os estudantes tiveram de ficar do lado de fora. Depois, conseguiram entrar no salão, onde acompanharam o fim das homenagens a Lula e voltaram a gritar palavras de ordem – enquanto pegavam autógrafos do ex-presidente nos próprios cartazes nos quais estavam escritas as reivindicações.

“Essa é uma reivindicação nova”, disse Lula. “Até outro dia, os estudantes falavam em 7% (do PIB) – o que foi colocado no plano de governo da presidente Dilma (Rousseff) até 2014. Eu até brinquei, dia desses, que se fizessem essa reivindicação antes, enquanto eu era presidente, talvez a gente tivesse atendido.”

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Para Lula, é natural que o montante do PIB destinado à educação cresça gradualmente. O ex-presidente, porém, disse que seu governo conquistou “muitos avanços” na área. “Nós fizemos 14 universidades federais novas, 126 extensões universitárias, 214 escolas técnicas, um Reuni e ainda o Prouni”, enumerou. “Ainda é preciso fazer muito para a educação chegar aonde a gente quer. Nós não queremos continuar sendo apenas exportadores de produtos in natura ou de commodities. Nós queremos ser exportadores de conhecimento, de inteligência.”

Sobre a condecoração oferecida pela UFBA, Lula disse já ter aceitado 67 títulos como esse. “E vou continuar aceitando os que me forem oferecidos”, afirmou. “Certamente existe uma parcela da elite retrógrada deste País que não se conforma. Se eles souberem que vou receber, no dia 27, o título de doutor honoris causa da Sciences Po Paris (Instituto de Ciências Políticas de Paris) é que eles vão ficar doentes. Eu serei o primeiro latino-americano a receber esse título.”

Livro
Durante seu discurso, Lula também disse ter a intenção de fazer um livro sobre seu governo. “Todo ex-presidente que acaba de deixar o mandato em seis meses está com um livro pronto”, brincou. “Eu resolvi que não era correto eu mesmo fazer um livro, porque o livro de um ex-presidente nunca vai ser verdadeiro. Não sei se vocês leram o livro do (ex-presidente americano Bill) Clinton. A Monica Lewinsky (estagiária com quem Clinton teve um caso) não está lá. Um livro meu também não ia contar tudo – e eu não ia fazer um livro para contar apenas o que vocês já leram no jornal.”

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Voltei
“Elite retrógrada” é todo mundo que não concorda com ele. José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá são, evidentemente, “elite progressista”. Não vai ele mesmo escrever o livro? Não brinque! Nem poderia, não é? Com quais instrumentos? Esse doutor de múltiplos títulos só é mesmo especialista na arte de falar bem de si mesmo — e em linguagem de palanque.

A referência a ex-presidentes que escrevem livros, obviamente, nada tem a ver com Clinton. Está tentando dar uma cutucada na sua obsessão: FHC — que não assinou nenhuma auto-indulgência, não. Organizou, sim, memórias e não driblou nenhum assunto espinhoso. O tucano escreveu também “Cartas a Um Jovem Político – Para Construir um País Melhor”, tratando de temas que remetem à política como ciência e à sociologia. Nem que quisesse, Lula conseguiria.

Quanto a contar tudo… Vai dizer a verdade sobre o mensalão? Vai revelar como um dos filhos, monitor de jardim zoológico quando ele chegou à Presidência, enricou como empresário, depois de receber a “colaboração” da então Telemar? E os bastidores dos aloprados, a maioria composta de amigos seus, gente de sua confiança?  Saberemos, finalmente, detalhes da operação sórdida? Tenham paciência!

De resto, notem que ele trata com certo desdém a láurea de hoje. O que, segundo ele, deixará os adversários furiosos é o título da universidade francesa. Que sirva de lição aos áulicos. Lula nunca acha que lhe puxam o saco o bastante, com uma sujeição compatível com a sua grandeza. Já fiz uma certa especulação psicanalítica sobre esse comportamento.  Lula é tão autocentrado que deve sentir inveja daquilo que ele imagina que seja o… Lula! Ele é o seu grande ídolo. Ele é a sua grande referência! A sua oceânica ignorância não lhe permite enxergar nada além do próprio nariz.

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