O “cogito interruptus” de Chico em entrevista ao Jornal da Globo: tentando desfazer a bobagem
E Chico Buarque, quem diria?, foi parar na TV Globo para tentar corrigir a besteira que falou sobre a violência no Rio, agora que seu show chega à cidade. A nossa mistura de Palas Atena com maracujá de gaveta, desta feita, estava menos eloqüente. Manipulava, para encanto da reportagem, o “cogito interruptus”, que consiste em […]
Por Reinaldo Azevedo
Atualizado em 31 jul 2020, 22h50 - Publicado em 4 jan 2007, 14h32
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E Chico Buarque, quem diria?, foi parar na TV Globo para tentar corrigir a besteira que falou sobre a violência no Rio, agora que seu show chega à cidade. A nossa mistura de Palas Atena com maracujá de gaveta, desta feita, estava menos eloqüente. Manipulava, para encanto da reportagem, o “cogito interruptus”, que consiste em falar de forma mais ou menos desarticulada, num discurso permeado de anacolutos, como se o texto esgarçado escondesse um pensamento mais profundo. A violência que, antes, existia também na classe média — ele comparou as ações terroristas de bandidos a varar o sinal vermelho (!!!) — agora é uma coisa “terrível”. E emenda: “quando você vê a que ponto nós chegamos e tal”. Chico gosta de encerrar suas frases com esse “e tal”. O “e tal” quer dizer que algo mais restaria a ser dito, mas o interlocutor pode não estar à altura da especulação teórica de Palas Atena. Na segunda-feira, já demonstrei aqui que o filho é o próprio “homem cordial” estudado pelo pai, Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil. E, para quem entende do riscado, isso não é um elogio. Este juízo nada tem a ver com a obra do compositor, de que já falei também. Quando opta pelo lirismo e deixa de lado suas tolices impensadas sobre política, é muito bom. Embora eu prefira a auto-ironia de Noel Rosa às profundidades do “eu feminino” de Chico. Mas ele manda bem. Deixa o homem cantar. Mas é para cantar. Se quer fazer sociologia, vai ter de estudar primeiro.
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