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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

No JB, o “fisiologismo selvagem” do MR-8

O JB deste domingo traz dois textos sobre os valentes do MR-8, aquele movimento que costuma implorar verba pública em seu jornal para fazer revolução e que distribui ameaças de morte na primeira página. Malucos? Irrelevantes? Talvez sim. Mas metódicos. O fato é que a grana para imprimir aquele troço existe. E, de algum modo, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h28 - Publicado em 13 Maio 2007, 15h24
O JB deste domingo traz dois textos sobre os valentes do MR-8, aquele movimento que costuma implorar verba pública em seu jornal para fazer revolução e que distribui ameaças de morte na primeira página. Malucos? Irrelevantes? Talvez sim. Mas metódicos. O fato é que a grana para imprimir aquele troço existe. E, de algum modo, sai do seu bolso, leitor amigo. O MR-8 tem história, como sabemos. Já seqüestrou embaixador. E também foi um celeiro de talentos para a chamada imprensa burguesa. O seu mais destacado quadro foi o agora ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Seguem os dois textos do JB.
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MR-8: Da luta armada ao fisiologismo selvagem
Por Rodrigo Camarão

Eles participaram do seqüestro do embaixador americano em 1969, promoveram assaltos e se autoproclamaram revolucionários em homenagem a Ernesto Che Guevara. Os anos passaram. Como não havia mais tanques nas ruas nem generais a derrubar no Planalto, os guerrilheiros do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) depuseram as armas e se renderam ao fisiologismo, sem, no entanto, renunciar a velhas técnicas terroristas. Convencidos de que comunistas também precisam capitalizar-se, debandaram em 1979 para o PMDB. Namoraram Orestes Quércia em São Paulo, onde eram o braço de esquerda do governo. Depois, casaram com Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a barba hirsuta do presidente, os antigos revolucionários vislumbraram Karl Marx e a personificação do ideal socialista. Com o apoio de um ex-ministro, infiltraram-se e aparelharam áreas do governo, notadamente no Ministério da Educação (MEC). Ex-guerrilheiros ou seguidores do MR-8 conseguiram espaço em programas como a volta do Projeto Rondon, tocado pela Secretaria de Educação Superior do MEC na Amazônia, entre outros.

Nos Estados, os revolucionários, aposentados ou não, também alcançaram postos importantes. Mário Bacelar, chefe-de-gabinete do governador do Paraná, Roberto Requião, é dirigente do grupo. Emerson Pires Leal, vice-prefeito da cidade paulista de São Carlos, também integra do MR-8. O atual secretário-geral do movimento, Sérgio Rubens de Araújo Torres, foi indicado pelo PMDB paulista como delegado em Convenção Nacional do partido, ao lado do presidente nacional do partido, Michel Temer, e regional, Orestes Quércia.

Requião, a cidade de São Carlos e Sérgio Rubens mereceram louvações e espaço nas páginas do jornal Hora do Povo, ligado ao MR-8.

O ex-governador de São Paulo jura ter desfeito todos os vínculos com o grupo infiltrado no PMDB. Quem lhe pergunta que importância tem o MR-8, ouve a resposta depois de alguns segundos de reflexão.

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– A importância é… sei lá. Para mim, todo mundo é importante, mas não tenho relação direta com eles, nem leio o Hora do Povo – desconversa ao JB um constrangido Quércia.

Com apoio incondicional ao lulismo – “chapa-branca”, como disse um ex-militante do MR-8 – o Hora do Povo estampa nas páginas entrevistas com integrantes do movimento e faz elogios desmedidos ao Lula que “resgatou o papel do Estado como instrumento de distribuição de renda, de promoção de justiça social”. Em março, os revolucionários do periódico denunciaram a tortura empreendida pelo governo ao não anunciar no jornal durante sete meses. O apelo pelo vil metal, como gostam de dizer, surtiu efeito. Meia página foi reservada a um anúncio da Receita Federal. A Secretaria de Comunicação não informa quanto custou o anúncio, mas antecipa que não está prevista mais nenhuma publicidade no Hora do Povo.

O jornal é publicado pelo Instituto Brasileiro de Comunicação Social, sediado na Vila Bancária, São Paulo. O CNPJ é inscrito na Receita Federal como associação de defesa dos direitos sociais, que dá direito a benesses fiscais.

O Hora do Povo alega ter tiragem de 50 mil exemplares, mas não está filiado ao Instituto Verificador de Circulação (IVC). Para cada edição, colorida de oito páginas, o custo médio, de acordo com gráficas consultadas pelo JB, é de R$ 10.545. Como circula duas vezes por semana, o valor ultrapassa R$ 84 mil mensais.

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No mesmo 27 de abril, o jornal resolveu retribuir o anúncio pago pelo governo. Comprou a briga do ministro Franklin Martins, ex-militante do grupo até o início dos anos 80. Os ex-revolucionários lembraram os velhos tempos e ameaçaram de morte o jornalista Diogo Mainardi, colunista de Veja.

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Jornal incita as ‘almas pias’

Até 27 de março, muitos mal sabiam que o Movimento Revolucionário 8 de Outubro ainda existia. Em um espasmo terrorista, o jornal Hora do Povo, ligado ao MR-8, ameaçou de morte o jornalista Diogo Mainardi, da Veja.

O motivo alegado foi o fato de Mainardi ter feito referência e se comparado a Eduardo Leite, o Bacuri, militante da antiga Ação Libertadora Nacional (ALN), parceira do MR-8 no seqüestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, em 1969. Diogo escreveu que parcela da imprensa sabia que Bacuri seria assassinado. Assim como, acrescentou, foi condenado em processo movido pelo ministro Franklin Martins antes mesmo de apresentada a defesa. A sentença ainda foi antecipada por um jornalista da Folha Online.

“Condenado com seus patrões da ‘Veja’ a pagar 30 mil reais ao ministro Franklin Martins, em processo por calúnia, o garoto de programa Diego (sic) Mainardi houve por bem se auto-intitular o Bacuri do petismo”, escreve o jornal. Mais à frente, acrescenta: “O pequeno canalha perdeu apenas algum dinheiro. Sabemos o que o vil metal significa para certo tipo de pessoas. Ainda assim, ao que tudo indica, ele está pedindo para perder algo mais. Pode ficar tranqüilo. Não faltarão almas pias para fazer a sua vontade”.

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Diogo entrou com queixa-crime contra o jornal e usou a coluna na Veja e o blog para contra-atacar:

“O jornal Hora do Povo recomendou minha morte. Seus combatentes dizem saber o que o ‘vil metal’ significa para mim. Eu sei o que o vil metal significa para eles. O lulismo está financiando o MR-8 com o vil metal dos meus impostos. É como se eu pagasse para alguém me matar”, escreveu. Depois, o jornalista reforçou os ataques:

– Se eu tivesse medo de bandido, não moraria no Rio.

Nem Orestes Quércia, patrocinador do MR-8 em São Paulo anos atrás, abençoou a ameaça.

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– É um absurdo – disse ao JB.

Com a polêmica, o jornal publicou editorial, novamente na capa, negando tudo:

“Os familiares do sr. Mainardi e seus amigos – se é que ele possui algum – não têm razão para se preocupar com a sua integridade física. Apesar da celeuma que ‘Veja’ pretendeu causar com a nota de 10 linhas aqui publicada, na edição do dia 27 de abril, ele não corre nenhum perigo”, escreve. “Mainardi é uma das causas do isolamento e declínio de ‘Veja’, esse instrumento golpista e visceralmente antidemocrático a serviço de tudo o que há de mais esclerosado no mundo. Porque ele consegue se colocar freqüentemente à direita da linha editorial nazi-africâner da publicação, acelerando o seu desprestígio. Firmeza, pessoal: o Mainardi ninguém tasca!”

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