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Reinaldo Azevedo

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Negromonte cai após cinco meses de agonia

Na VEJA Online, por Gabriel Castro: O Palácio do Planalto confirmou, na tarde desta quarta-feira, a demissão do ministro das Cidades, Mário Negromonte. A Presidência também confirmou que o substituto será Aguinaldo Ribeiro, o líder da bancada do partido na Câmara. Negromonte não foi uma exceção em um governo com seis ministros demitidos por falhas éticas. Mas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h37 - Publicado em 2 fev 2012, 16h37

Na VEJA Online, por Gabriel Castro:
O Palácio do Planalto confirmou, na tarde desta quarta-feira, a demissão do ministro das Cidades, Mário Negromonte. A Presidência também confirmou que o substituto será Aguinaldo Ribeiro, o líder da bancada do partido na Câmara. Negromonte não foi uma exceção em um governo com seis ministros demitidos por falhas éticas. Mas ao menos pode dizer que durou mais tempo do que seus colegas malcomportados. Lá se vão mais de cinco meses desde que VEJA revelou como o ministro tentou comprar apoio político oferecendo uma mesada de 30 000 reais a deputados de seu partido, o PP. 

O anúncio oficial da demissão foi feito por volta de 16h15, em uma nota distribuída à imprensa. O texto, de cinco linhas, diz que “A presidente da República agradece os serviços por ele prestados ao país À frente da pasta e lhe deseja boa sorte em seus novos projetos”. Negromonte chegou ao Palácio do Planalto por volta das 15h30, teve um encontro rápido com a presidente Dilma Rousseff e que entregou sua carta de demissão. Mais cedo, ele esteve com Francisco Dornelles, presidente nacional do PP. Os dois conversaram sobre a passagem de Negromonte pelo cargo e trataram da sucessão. 

Corrupção
Negromonte voltou à berlinda por diversas vezes: viu sua pasta envolvida na adulteração de um projeto bilionário, foi flagrado usando verbas do ministério para promoção pessoal (e eleitoral) na Bahia, e participou de uma reunião com lobistas de uma empresa que, posteriormente, assumiria contratos na pasta. Chegou a ser ouvido no Congresso, mas conseguiu se safar graças à colaboração dos governistas e à falta de ousadia da oposição.

Negromonte não gozava de nenhum prestígio especial com a presidente Dilma Rousseff. Dentro do próprio partido, aliás, ele enfrentava forte oposição – mais em decorrência de uma briga por espaço do que por uma possível preocupação do PP com a ética na política. Mas se manteve no cargo graças à inépcia do Executivo, à proximidade de uma reforma ministerial e ao pragmatismo de sua legenda: os integrantes do partido logo notaram que, se chancelassem a demissão de Negromonte, não teriam garantias de que indicariam o substituto dele no ministério.

Manteve-se o cenário insólito: um dos maiores orçamentos da Esplanada, com 22 bilhões de reais reservados para 2012, foi comandado nos últimos meses por alguém sem condições éticas e políticas para exercer a função. Com seis meses de atraso, o conjunto da obra e a conveniência do momento causaram a demissão de Mário Negromonte – a primeira de um ministro em 2012. Antes dele, dois subordinados próximos já haviam sido exonerados: Cássio Peixoto, chefe de gabinete, e João Ubaldo Dantas, chefe da Assessoria Parlamentar.

Demitido, Negromonte volta a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Vai exercer o sexto mandato. No ministério, deve ser substituído por um colega de partido. A troca de comando no ministério eleva a lista de partidos que tiveram ministros demitidos por causa de corrupção: agora são cinco (PP, PT, PMDB, PDT, PCdoB e PR). Só o PSB escapou. E por enquanto. Fernando Bezerra tem feito de tudo para provar que atende às exigências para entrar no clube de ex-ministros de Dilma.

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