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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Nasce um novo humanismo na Líbia; por isso tantos estão eufóricos. Leiam isto.

Por Deborah Berlink, no Globo: Corpos em decomposição de partidários de Kadafi são descobertos em hospital tomado por rebeldes Moradores de Trípoli descobriram na sexta-feira, sob uma temperatura de 36 graus, um cenário dantesco no hospital de Abu Salim, um dos bairros mais pobres de Trípoli: cerca de 50 corpos em decomposição, jogados em macas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h57 - Publicado em 27 ago 2011, 07h05

Por Deborah Berlink, no Globo:

Corpos em decomposição de partidários de Kadafi são descobertos em hospital tomado por rebeldes

Moradores de Trípoli descobriram na sexta-feira, sob uma temperatura de 36 graus, um cenário dantesco no hospital de Abu Salim, um dos bairros mais pobres de Trípoli: cerca de 50 corpos em decomposição, jogados em macas no interior do prédio ou num gramado. O GLOBO esteve no hospital e contou pelo menos 20 cadáveres, alguns jogados junto com o lixo, a poucos metros da entrada principal, mas estima-se que sejam 200. Abu Salim foi até ontem palco de uma feroz batalha entre fiéis de Kadafi e os rebeldes, que agora conquistaram a área.

Quem são os homens mortos? Onde e quando foram mortos? Esse é todo o mistério: o hospital estava aparentemente abandonado, e tudo o que os homens que jogavam e embalavam os corpos inchados e em decomposição diziam era que os mortos eram líbios fiéis a Kadafi ou, na sua maioria, mercenários africanos. “Veja, são todos africanos, e talvez apenas dois ou três sejam líbios”, dizia Arafat Mohamed Jwan, 42 anos.

Arafat nunca tinha visto tantos mortos nestas condições. Ele mora perto do hospital, e quando os rebeldes anunciaram que a batalha estava vencida, ele seguiu para o centro médico. Ontem, ele ajudava a embalar os cadáveres. O cheiro no hospital era indescritível. Um jornalista canadense começou a vomitar, logo que entrou. Na porta, pessoas distribuíam máscaras cirúrgicas para jornalistas ou para quem quisesse ver a cena macabra.

Sem médicos nem enfermeiras
Uma leva de corpos estava numa sala cheia de sangue no chão. Logo na entrada da sala, sob uma maca, deparava-se com um cadáver inchado – certamente, há vários dias em decomposição. Ao fundo, várias outras macas, todas com mortos. Não havia um médico ou enfermeira no hospital. Nenhuma autoridade ou funcionário de administração. O lugar era terra de ninguém. Entrava quem quisesse.

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A retirada dos corpos era feita de forma ordenada. Um a um, os cadáveres em macas eram empurrados por homens, na sua maioria moradores da redondeza, pelos corredores vazios e sujos de sangue, até a entrada principal do hospital. Lá, um líbio estendia metodicamente um enorme plástico no chão, outros jogavam uma espécie de talco branco – aparentemente para frear a decomposição. Um homem jogava ainda spray desodorante, e o corpo era jogado da maca como um saco de lixo, e embalado igual a carne no açougue. Para manter o corpo embrulhado no plástico, amarrava-se cada ponta com barbante. Depois, dois homens erguiam o embrulho e o jogavam na caçamba de uma caminhonete, que aos poucos foi se enchendo de mortos empilhados.

Em meio à cena, havia moradores curiosos – todos homens – mas também alguns como Aboubaker, um rebelde à procura de um irmão médico que participou da batalha pela conquista da fortaleza de Muamar Kadafi, em Trípoli, e desapareceu . Ele já havia perdido um irmão na batalha de Misurata, outro em março passado. “Esse é o terceiro irmão que perco”, lamentava.

Um dos raros funcionários do hospital, Mohammed Sobrey, que contou trabalhar na administração, disse que quando o lugar estava funcionando, com médicos e pacientes, ainda sob o controle dos kadafistas, a ordem era deixar os rebeldes feridos morrerem.”É uma vergonha este Kadafi. Por favor, saia, nos deixe em paz”, dizia, referindo-se ao ditador líbio.

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O mistério sobre a identidade dos mortos e as condições das mortes era ainda maior quando se via o grupo de corpos que estava alinhado do lado de fora, num gramado, junto com o lixo. Quem os jogou ali? Foram executados? Eram mesmo negros africanos? “Dizem que são negros africanos porque estão pretos. Mas todo cadáver em decomposição fica preto, especulava um fotógrafo belga. “Posso dizer que não são líbios pela forma como se vestem. Olhe os narizes, os olhos”, apostava o engenheiro Talal Montaser, com uma máscara cirúrgica no nariz, que também ajudava na coleta dos cadáveres.

Talal não parecia chocado de ver a cena macabra. Nem de imaginar a a possibilidade que estas pessoas – mercenários ou não – tenham sido executadas. “Por que não? Kadafi aterrorizou mulheres, crianças, nos arruinou. Por que eles (os pró-kadafistas) estão nos matando? Os rebeldes não fizeram isso (mataram) por nada. Temos que limpar a Líbia destes mercenários. Se não fizermos isso, eles vão nos matar”, justificou.

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