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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

“Nas eleições, as questões mais importantes têm a ver com valores morais e com o modo como são comunicados”

Por Lucas de Abreu Maia, no Estadão: George Lakoff é um renomado neurolinguista da Universidade da Califórnia, Berkeley. Mas foi seu ativismo político que o levou a dar palestras nos quatro cantos dos Estados Unidos – dos auditórios de universidades a comícios eleitorais. Lakoff é um apoiador ferrenho do Partido Democrata e dedica grande parte […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 15h59 - Publicado em 25 abr 2010, 07h33

Por Lucas de Abreu Maia, no Estadão:
George Lakoff é um renomado neurolinguista da Universidade da Califórnia, Berkeley. Mas foi seu ativismo político que o levou a dar palestras nos quatro cantos dos Estados Unidos – dos auditórios de universidades a comícios eleitorais. Lakoff é um apoiador ferrenho do Partido Democrata e dedica grande parte de sua vida acadêmica – e de seus nove livros – a entender a divisão entre progressistas e conservadores no seu país. O resultado desse trabalho foi uma teoria cognitiva da política. Para ele, o conceito tradicional de razão não consegue explicar o modo como eleitores escolhem seus candidatos. Emoções, subjetividades e metáforas seriam mecanismos inerentes ao nosso cérebro e, portanto, inevitáveis.

Em entrevista ao Estado, Lakoff tenta remeter esses conceitos à política brasileira. Ele afirma que mesmo um presidente com 80% de aprovação pode ser derrotado pela oposição, desde que os adversários saibam se comunicar com o eleitor. Segundo ele, para vencer uma eleição é necessário “capacidade de falar e ser entendido por todos, transmitir sensação de confiança e ter uma imagem com a qual o eleitor possa se identificar”. Por fim, Lakoff defende um “novo iluminismo”, que abandone a noção de uma razão absoluta e lógica e que incorpore as descobertas científicas acerca da mente humana.

No livro The Political Mind (A Mente Política, em tradução livre), o senhor afirma que progressistas e conservadores têm formas de pensar distintas e inconciliáveis. Progressistas veriam o governo como um “pai cuidadoso” – que protege e oferece possibilidades aos cidadãos -, enquanto conservadores encarariam o Estado como um “pai austero” – a quem cabe ensinar uma rígida disciplina. Até que ponto essa metáfora pode ser exportada para outras partes do mundo?
Muita gente tem as duas formas no cérebro simultaneamente e variam seu uso. O cérebro tem determinados circuitos, chamados “inibição mútua”, em que a ativação de uma forma de pensamento inibe a outra. Por isso, as pessoas podem ser conservadoras em alguns aspectos e liberais em outros, desde que em questões políticas diferentes. Fizemos estudo empírico com um grupo, durante eleição na Califórnia, e vimos que isso ocorre com 18% dos eleitores. Temos descoberto que o mesmo ocorre na Espanha, apesar de o país ter muitos partidos. Eleitores fazem diferentes combinações das formas de pensar progressista e conservadora – eles aplicam uma combinação se são social-democratas, outra se são democratas cristãos e assim por diante. Isso também vale para a Alemanha. Ou seja: essas formas de pensar se aplicam à Europa – certamente se aplicam à Espanha e à Itália -, mesmo em sistemas multipartidários.

Só há essas duas formas de pensar politicamente? Elas são universais?
Não. Um dos meus alunos fez um estudo na China e descobriu que há uma outra forma de pensar, que reflete a estrutura familiar chinesa. Não sabemos quão difundidas são as formas de pensar conservadora e progressista, mas essa estrutura funciona na Europa e em países com influência cultural europeia.
(…)
O sr. afirma que é mais fácil mudar a forma como o eleitor pensa após um trauma. Mas o Brasil vive situação oposta: o presidente atual tem cerca de 80% de aprovação. É possível, numa situação como essa, convencer o eleitor a votar na oposição?
Não conheço o suficiente da política brasileira, mas posso especular. Se existirem, no Brasil, eleitores que chamo de “biconceituais” – ou seja, que variam entre dois sistemas de pensamento – e se a oposição tiver uma comunicação excelente (e souber como explorá-la), então é possível mudar a situação independentemente da popularidade do governo. Por exemplo, depois da saída de Bill Clinton, os Estados Unidos estavam numa ótima posição econômica, mas George Bush conseguiu comunicar-se muito bem, enquanto Al Gore era péssimo.
(…)
Em um país com sério déficit educacional, como o Brasil, o eleitor fica suscetível à manipulação?
Não tem nada a ver. Pessoas com alto grau de educação ainda são manipuladas. Nas eleições, as questões mais importantes têm a ver com valores morais e com o modo como são comunicados. Têm a ver com a capacidade de se conectar com as pessoas, ou seja, falar e ser entendido por todos; com transmitir uma sensação de confiança; e com ter uma imagem com a qual o eleitor possa se identificar. Chamo isso de autenticidade. Se você parecer autêntico, se compartilhar os valores da população, se o eleitor puder se identificar e confiar em você, então votarão em você. Não depende de educação.
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