Nariz de palhaço virou símbolo de subversão no governo Lula
Pois é. Sempre encerro as madrugadas com um texto meu, um pouco mais longo e analítico. Hoje, não é diferente. Só que ele vem num post abaixo deste. O que se lê aqui é o relato de um leitor deste blog chamado “Igor”, também autor das fotos que vocês vêem acima. Ele foi um dos […]

Igor, estudante de direito, é um bom repórter. E conta tudo. Ficamos sabendo, inclusive, que a manifestação poderia ter sido maior. É que as pessoas foram barradas pela segurança — embora tivessem convites —, e alguns manifestantes foram expulsos do local. Agentes da Polícia Federal revistavam os bolsos dos “suspeitos” em busca de apitos e nariz de palhaço.
Quem diria, hein!? Nariz de palhaço virou símbolo da subversão no governo Lula.
Ah, sim: Igor confirma: o cartaz sobre Lula ser o Sócrates brasileiro foi mesmo inspirado neste blog. Segue a sua reportagem.
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Oi, Reinaldo. Tudo bem?
Fui um dos organizadores do protesto contra Lula em Campos dos Goytacazes e gostaria de contar alguns fatos acerca do evento — a propósito, fui eu quem deu a idéia para a faixa com os dizeres “Lula, o Sócrates brasileiro: só sei que nada sei” em homenagem a você e a seu blog.
O evento foi divulgado pela mídia dois dias antes, matando qualquer chance de grande mobilização. A cerimônia seria realizada a mais de 15km da única ponte que liga os dois lados da cidade, no início da BR-101, periferia de Campos e de dificílimo acesso.
Pois bem: assim que tomei conhecimento do que estaria por vir, tentei mobilizar o máximo de pessoas e entidades. Infelizmente, em razão de uma posse na diretoria do Diretório Acadêmico da minha faculdade, o tempo de dedicação ao protesto ficou reduzidíssimo, já que ambos os eventos ocorreriam no mesmo dia: a inauguração do UNED Guarus e a referida posse. Com muito custo e no boca-a-boca, conseguimos mobilizar cerca de 100 pessoas e imprimir 700 folhetos marcando uma marcha que rumaria até o local marcado pelo presidente.
Às 22:00 do dia anterior, após a entrega de parte dos panfletos, chegou-me a notícia de que o presidente antecipara a cerimônia, sendo remarcado para as 13h. Como você deve saber, é um péssimo horário para aqueles que estudam — sou estudante de direito — e trabalham ou estagiam.
Fui obrigado a desmarcar a mobilização e enfrentar diversas desistências, pois – digo com certeza – 90% dos manifestantes não poderiam conciliar esse horário com seus compromissos. O número de manifestantes ficou reduzido a mais ou menos 50 pessoas que se encontraram naquele local — e aqui vai uma correção ao número veiculado pelo Estadão e pelo O Globo.
Levamos apitos, narizes de palhaço e cartazes — entre eles o que tomei a liberdade de roubar-lhe a tirada.
Ao chegarmos ao local, avistamos uns ônibus que levavam beneficiados dos programas federais, alunos do CEFET-Campos, eleitores de alguns políticos da região, que aproveitaram o acontecimento para fazer um pouco mais de proselitismo político, e a debilóide juventude petista, composta por uns 30 a 50 adolescentes remelentos.
Fomos barrados na entrada, ainda que tivéssemos convites para a cerimônia. Os organizadores do evento posicionaram um cordão de policiais à nossa frente e atrás de nós, tentando nos intimidar. Estudantes do CEFET e outras universidades que nos acompanhavam nas palavras de ordem e nas vaias foram colocados para fora sob a justificativa de estarem “alterados” e “ameaçando a segurança do evento” — ao todo, cerca de 10 jovens. Imagina o que seria para Cabral e Lula se todo o grupo que estava lá fora, impedido de entrar, estivesse lá dentro vaiando o famigerado discurso contra a Dona Zelite.
Interessantíssimo se faz notar que, durante o percurso a pé que fizemos, diversos cidadãos da periferia nos desejaram sorte e manifestaram seu apoio.
Aqui, na url abaixo, postei algumas fotos do evento – uma delas com os dizeres do cartaz (na verdade era um cartaz duplo) do socrático presidente. Infelizmente, ressalto, o curto espaço de tempo, a dificuldade de informações e o dificílimo acesso dos maiores descontes — a classe média — dificultaram uma grande manifestação. Mas, ainda que modesta, foi o suficiente para incomodar o ouvido dedicado às vaias do “noço” presidente.
Por fim, atento para o autoritarismo com que conduziu seu discurso o governador Sérgio Cabral, conclamando centenas de petralhas e clientes do Estado a vaiar uma dúzia de sortudos estudantes que não foram barrados na porta do evento — ainda que tenham sido postos para fora minutos depois pelos policiais federais que estavam encarregados de revistar o bolso dos convidados procurando por apitos e narizes de palhaço.
Um forte abraço e continue o bom trabalho.
A url, como havia dito: