Não! Não me peçam para ser compreensivo com Plínio. Sua atuação foi ridícula
Às vezes, os leitores vêm ao blog protestar contra este escriba. Agora, sou eu que protesto contra alguns leitores, que consideraram que Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) foi, ao menos, mais corajoso do que os outros etc e tal. Discordo. E com veemência! Plínio tem a fala irresponsável de quem é praticamente traço nas pesquisas […]
Às vezes, os leitores vêm ao blog protestar contra este escriba. Agora, sou eu que protesto contra alguns leitores, que consideraram que Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) foi, ao menos, mais corajoso do que os outros etc e tal. Discordo. E com veemência!
Plínio tem a fala irresponsável de quem é praticamente traço nas pesquisas — e no eleitorado. Sabe que, à diferença de Serra (PSDB) e Dilma (PT), não tem a menor chance de governar o país. Nem mesmo se dedica ao trabalho de catequese de Marina Silva, preparando-se para disputas futuras. Ela já faz campanha para 2014, 2018… É uma “Silva”, como ela mesma diz, certa de que um dia há de vencer.
Plínio pode, assim, falar o que lhe dá na telha, como defender um tamanho máximo para a propriedade de terra: mil hectares. O problema dessa tese não é ser “de esquerda”, mas ser estúpida. E resolveu tentar comprometer os demais candidatos com a sua sandice. Como, obviamente, ninguém mais concorda, então ele pespega nos adversários a pecha de amigos dos latifundiários ou sei lá o quê.
Plínio é um debatedor bastante desonesto. Eu mesmo sei disso. Já o enfrentei num embate na faculdade de Direito da USP, o que relatei neste blog. Tive de lascar um Antero de Quental nele, afirmando que respeitava seus cabelos brancos, mas não as idéias estúpidas que iam debaixo deles. Dizia estar no debate em nome dos “movimentos sociais”. Na prática, não fala nem em nome de seu minúsculo partido. O grupo de Heloísa Helena, por exemplo, apóia Marina, tachada por ele de “ecocapitalista”, seja lá que diabos isso signifique.
A invertida de Plínio em Dilma — “FHC fez mais assentamentos do que este governo”, o que é verdade — não me anima. Não foi por bons motivos, não. Um dos problemas do governo Lula que deveriam ser denunciados num debate é justamente seu conluio com o MST. Plínio acha pouco. Passou boa parte do tempo reclamando que não lhe faziam perguntas, como se a dinâmica do programa não resultasse num tempo e num número de intervenção iguais para todos.
Mas entendo: com seu 0% dos votos, ele queria polarizar com os dois líderes na pesquisa. Ou era assim, ou acusava discriminação. Também resolveu assumir o papel de ombudsman do debate: todos ali seriam conservadores, atrasados. E só ele era o líder progressista, que quer mudar o modelo… Não dá! Ele nem é autêntico nem é corajoso. Só é irresponsável e pode falar o que dá na telha porque jamais será eleito. Imaginem… Limitar as propriedades a mil hectares seria destruir a agroindústria brasileira e levar a fome à mesa dos pobres. Isso não é coragem, mas imbecilidade senil. E não estou me referindo à sua idade, mas à idade de sua proposta.
Não! Não consigo simpatizar com Plínio nem quando ele se bate contra Dilma. A razão é simples: ele faz com que ela pareça melhor do que é. Não me peçam para ser compreensivo com ele. Ele só é ridículo porque não é grande o bastante para ser perigoso.